Portugueses radiantes com início perfeito contra o Brasil: «Foi um excelente dia de Taça Davis»

Portugueses radiantes com início perfeito contra o Brasil: «Foi um excelente dia de Taça Davis»

Por Pedro Gonçalo Pinto - setembro 16, 2022

Depois de um dia perfeito, Portugal passou a liderar por 2-0 a eliminatória com o Brasil na eliminatória do Grupo Mundial I na Taça Davis. Os triunfos de João Sousa Nuno Borges deixam a equipa das quinas a um passo dos qualifiers das Davis Cup Finals, algo que encheu o capitão Rui Machado de orgulho.

RUI MACHADO

O dia de hoje foi o melhor resultado possível. É um facto. Veio ao de cima a qualidade dos nossos jogadores. Tivemos um jogo do João, não gosto de dizer perfeição, mas foi muito bem, excelente. Soube gerir os vários momentos do jogo, entrou muito bem, esteve muito bem e soube adaptar-se muito melhor às condições. Demonstrou aquilo que vínhamos falado às vezes sobre o que a experiência faz ou não faz. Foi o nível e a experiência. Todos sabemos que jogar Taça Davis não é fácil e que qualquer um pode surpreender. Hoje não deixou que isso acontecesse. Não gosto de dizer que estes são melhores do que os outros porque já o vi ganhar batalhas e resolver muitas situações e problemas.

Depois tivemos uma batalha de Taça Davis. Foram dois jogadores de grande nível. Thiago mostrou que é grande jogador. Não sei se terá sido a força mental do Nuno ou a força mental aliada à vontade e à ajuda do público, mas tudo contribuiu para que saíssemos com a segunda vitória. Estão os dois de parabéns, foi um excelente dia, excelente experiência no geral. Mais uma vez Viana, desde que chegámos, a mostrar muito carinho e isso faz diferença no final das contas. Está 2-0, mas sabemos que na Taça Davis nada está terminado. Temos de vencer mais um ponto, amanhã temos a primeira oportunidade nos pares. Não vamos relaxar, queremos ganhar no primeiro. Se não for no primeiro, no segundo, se não vamos ao último. O espírito é positivo e vamos tentar vencer já o par. Se não temos o João Sousa em grande forma. Foi um excelente dia de Taça Davis.

Houve um momento do encontro, vários cruciais, em que o adversário do Nuno demorou muito tempo entre pontos, foi claro. Isso afetou um pouco o Nuno porque na verdade quando os pontos são longos antes do serviço, o servidor está mais cansado e é mais difícil fazer o serviço melhor. O árbitro ter permitido esse tempo tantos pontos naquele momento deu-lhe alguma vantagem para recuperar melhor. Foi algo que afetou o Nuno, em que eu como capitão, para tentar retirar esse assunto da cabeça, assumi essa liderança desse reclamar com o juiz árbitro. Eu disse-lhe ‘tranquilo, eu vou reclamar’. São pequenos pormenores que em alguns momentos fazem a diferença. Fez a diferença na cabeça do Nuno naquele momento.

O público português portou-se muito bem, mas em nenhum momento houve tentativa de prejudicar o adversário. Houve sempre muito respeito. Uma palavra para o público também.

JOÃO SOUSA

Mais do que medo ou receio, a palavra é respeito. Sabia que ele me tinha muito respeito porque já treinámos juntos, sei que me considera muito e partia com essa vantagem. Isso dá-me confiança e como o Rui disse, fiz um encontro quase perfeito. Não gosto de dizer perfeição, mas a verdade é que soube gerir bem os momentos. O primeiro jogo foi o que não comecei tão bem, mas a partir daí joguei a um nível muito alto e fico contente com a exibição que fiz.

Eu sempre disse que é um privilégio representar Portugal e fazê-lo durante tantos anos é bom sinal. É sinal de que me mantenho a grande nível e que o capitão confia em mim. Não ligo muito a esses registos, mas é o que é. E é um motivo de orgulho para mim poder representar Portugal durante tantos anos. Foi um ótimo dia, temos de desfrutar, sendo cientes de que amanhã é um novo dia e que teremos de fazer o nosso trabalho para vencer.

NUNO BORGES

Não olhei muito para o jogo que fiz em Oeiras com ele, além de saber que ia ser muito duro. Realmente este jogo pode ser comparado em termos de duração e dificuldade, lutado até ao fim, com tie-breaks e sets muito disputados. Entrei pronto para a luta e os últimos jogos deram-me um pouco mais de estaleca nesta duração de encontros e ajuda-me a que quando perco o primeiro set a acreditar que ainda há muito jogo para ser jogado e conseguia ir buscar se me mantivesse motivado. Foi isso que aconteceu. Podia perfeitamente ter calhado para o lado dele.

Para que lugar entra este triunfo? Não faço ideia. Vou aproveitar para descansar e quando estiver tudo acabado resolvamos o assunto. Quero recuperar mentalmente e fisicamente. Isso é que interessa. Se calhar depois da eliminatória posso responder melhor a essa questão. 

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt