O segredo para ganhar a Taça Davis é um treinador só para os pares? - Bola Amarela Brasil

O segredo para ganhar a Taça Davis é um treinador só para os pares?

Por admin - novembro 23, 2015
Belgian Davis Cup team (from left to right) Michael Llodra, Johan Van Herck (captain), David Goffin, Steve Darcis, Ruben Bemelman and Kimmer Coppejans holds a news conference ahead of the final against Britain in Brussels, Belgium, November 17, 2015. REUTERS/Delmi Alvarez

Não há muito que Roger Federer não saiba sobre ténis nos dias de hoje. Mas quando o tema da conversa são as intrincadas estratégias dos encontros decisivos de pares, até o suíço descobriu que tinha coisas a aprender.

Há um ano, quando a Suíça defrontou a França na sua primeira final de sempre da Taça Davis, o capitão dos suíços, Severin Luthi, abordou os grandes especialistas da variante, os irmãos Bryan, com o intuito de recolher junto deles algumas dicas para o encontro de pares frente aos franceses.

Os gémeos Bryan ofereceram-se para emprestar o seu técnico, o australiano David Macpherson, que acabou por viajar com a selecção suíça até Lille, em França, para fornecer exercícios, análise de vídeos e instruções de estratégia de jogo. Federer e Wawrinka conseguiriam uma vitória sobre Julien Benneteau e Richard Gasquet que seria decisiva e louvaram os ensinamentos do treinador “emprestado”.

“Uma das coisas de que me lembro melhor dessa eliminatória é o Roger dizer-me «Não tinha ideia de que as tácticas eram tão complexas nos pares.» recordou Macpherson.

Federer, que venceu a medalha de ouro nos Olímpicos de 2008 com Wawrinka disse: “Quer dizer, obviamente há tácticas nos pares mas fiquei surpreendido com a variedade de padrões que podem ser seguidos.”

Esta contratação de última hora não só teve um papel fulcral no título da Suíça como pode ter revolucionado a forma como a Taça Davis encara o muitas vezes decisivo encontro de pares.

Neste ano, a Bélgica seguiu o exemplo suíço e contratou o recém reformado Michael Llodra, três vezes vencedor de Grand Slams e que jogou 28 vezes pela França na Taça Davis. Llodra foi recrutado pelo número 2 belga no ranking, Steve Darcis, especialmente para a final contra a Grã-Bretanha.

“Sou muito amigo do Steve Darcis e falamos muitas vezes.” disse Llodra, ele que nunca venceu a Taça Davis pela França. Ajudar Darcis e a Bélgica a conquistar esse título seria importante para o francês.

“Garanto que não faria isto por qualquer selecção. Faço-o porque sou amigo do Steve (Darcis) e do David (Goffin) e seria muito bom vencer esta competição mesmo que fosse como técnico.”

Todo este enfâse nos pares faz sentido e, este ano, ganha ainda mais valor. Considerando que o nº 2 mundial Andy Murray deverá vencer os seus dois singulares, os belgas esperam conseguir derrotar o segundo melhor jogador britânico – ou o 160º James Ward ou o 110º Kyle Edmund – duas vezes e precisam ainda de vencer o encontro de pares. Mas a Grã-Bretanha, que deverá colocar Murray a jogar ao lado do seu irmão Jamie, especialista de pares e nº 7 nessa variante, será a favorita nesse encontro.

Llodra dará instruções tácticas a uma equipa belga sem um único jogador classificado no top-100 de pares.

“Em singulares é instintivo, sabemos como jogar tacticamente. Em pares, não necessariamente. Não sabemos onde nos posicionar, é muito diferente. Ter alguém a dizer-nos exactamente como fazermos, onde estarmos, clarifica as coisas” disse David Goffin.

Já os britânicos não vão chamar ninguém especificamente para os pares. Eles que se vêem como estando na vanguarda no que respeita à estratégia em pares. Desde 2007, a Lawn Tennis Association (associação britânica de ténis) tem um treinador especializado em pares, o canadiano Louis Cayer, para os seus jogadores, selecção da Taça Davis e da Fed Cup. Cayer faz o scouting e treina os jogadores desde o momento em que se sabe quem são os seus próximos adversários.

“A preparação começa no dia a seguir à eliminatória. Reunimos vídeos dos nossos adversários e analisamos padrões estatísticos.” referiu Cayer.

“Falamos com vários jogadores que tenham jogado contra os nossos adversários e recolhemos as informações que eles tenham sobre como jogar contra eles mas a chave é a preparação. Encorajamos os nossos jogadores a ir assistir aos adversários in loco e gravámos mais vídeos. Depois durante a própria eliminatória passamos a aspectos mais específicos. Trazemos jogadores que simulam a forma de jogar dos nossos adversários e preparamos os nossos próprios padrões.”

A final da Taça Davis está prevista começar na próxima sexta-feira, em Gent, na Bélgica.