Gastão Elias em entrevista [parte I]: «Tenho o meu ranking para ser batido. Não gostei do 57»

Gastão Elias em entrevista [parte I]: «Tenho o meu ranking para ser batido. Não gostei do 57»

Por Pedro Gonçalo Pinto - fevereiro 20, 2021
gastao elias
Beatriz Ruivo FPT

Já com um título no bolso esta temporadaGastão Elias não podia ter começado melhor. Aos 30 anos, é o número 418 do ranking ATP – vai reentrar no top 400 esta segunda-feira -, ainda longe do 57.º posto que chegou a ocupar. No entanto, o lourinhanense garante que está mais do que a tempo de deixar a sua marca no ténis. A sentir-se fisicamente impecável e com ambição renovada, o português falou connosco sobre o que espera de 2021.

BOLA AMARELA – Dentro deste contexto, começar a ganhar um Future foi o melhor arranque de temporada que podias ter tido, não foi?

GASTÃO ELIAS – Na minha carreira até não me posso queixar em relação aos começos de ano. Lembro-me que na altura em que treinava com o Jaime Oncins havia um Future e um Challenger em São Paulo e que me corria bem normalmente. O início do ano dá-me para as coisas boas. Foi ótimo começar um título.

BA – Isto foi de facto embalado pela temporada que o teu Sporting está a fazer, não é?

GE – Sem dúvida nenhuma! (risos) A motivação é outra assim! É ótimo juntar tudo.

BA – A nível físico, que é o que te tem travado muito nos últimos anos, como é que te sentes?

GE – Tenho até medo de dizer que estou bastante bem, sem nenhum problema. É impecável. Fiz uma pré-época ótima, sem limitações, o meu corpo está a aguentar bem treinos bi-diários. Já não preciso de me dosear tanto como no ano passado. Estava um pouco naquela de fazer dois dias duros de treino e no terceiro tinha de ir com mais calma. Agora sinto que estou bem, que consigo aguentar várias semanas com uma carga pesada. Pela primeira vez em algum tempo consegui acabar um torneio impecável fisicamente. Zero quilómetros, sem dores nenhumas.

BA – Esperas que seja por pouco tempo isto de teres de voltar aos Futures para recuperar ranking?

GE – Obviamente. Tenho tentado levar isto dos Futures o mais a sério possível porque não é um patamar em que queira andar muito tempo. Não me posso queixar. Joguei quatro ou cinco, ganhei dois, fiz final de outro. Na próxima atualização já estou no top 400. Mas ainda preciso de um ou outro resultado para ter um ranking que pelo menos garanta os qualifyings dos Challengers.

BA – Que objetivos é que tu tens colocados para esta temporada em termos de ranking?

GE – Tenho o objetivo a curto prazo que é de entrar no qualifying de Roland Garros. Já está um pouco em cima da hora, mas se conseguisse estar perto dos 250 já era muito positivo. Um ranking que me permita fazer um calendário de Challengers sem andar a pensar se vou ou não entrar. Temos tido muitos torneios em Portugal, o que facilita, porque se não era difícil fazer o calendário.

BA – Depreendo que tenhas ambição de estar a ganhar torneios bem acima do patamar em que estás a jogar agora…

GE – Estou neste momento a jogar Futures, mas se na semana que vem estiver num quadro principal de um Challenger o meu objetivo é ganhar o Challenger. Não tenho a mínima preocupação em relação ao meu nível de jogo e à capacidade de ganhar estes torneios. É uma questão de começar a entrar direto nos Challengers e apontar para os títulos a esse nível.

BA – Com 30 anos no Cartão do Cidadão isso pesa na tua cabeça ou tens a certeza de que ainda vais mais do que a tempo de conseguir grandes resultados?

GE – Se não me dissessem que tinha 30 nem dava por isso. Se me dissessem que tinha 18 anos acreditava tranquilamente porque é o que eu sinto. Sinto que estou a começar agora, com 16 ou 17 anos a jogar Futures, embora seja diferente porque não os jogos da mesma forma. Estou a encarar de forma positiva e natural. Se for pensar em exemplos, Agassi foi número um do mundo depois de andar em Challengers antes. Se esse homem fez uma coisa dessas, por que é que não poderia ter a humildade de voltar ao início e começar tudo de novo? Mas não se compara jogar Futures a quando tinha 18 anos, claro.

BA – Posto isto, até onde acreditas que ainda podes chegar se as lesões não te baterem à porta outra vez?

GE – Tenho o meu ranking para ser batido. Não gostei do 57. Quando comecei a jogar ténis e quando entrei para esta vida, o meu objetivo era mais acima disso. Não estou satisfeito ainda.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt