Nuno Borges: "Tenho orgulho de ser português e mostrar aos jovens que é possível"

Nuno Borges: “Tenho orgulho de ser português e mostrar aos jovens que é possível”

Por José Morgado - janeiro 20, 2024
borges-press

Em coletiva de imprensa, Nuno Borges falou sobre todas as suas emoções após de derrubar Grigor Dimitrov e garantir vaga inédita às oitavas de um Grand Slam.

AINDA NÃO ACREDITA…

Ainda estou processando e ainda não consigo acreditar. A minha reação no final foi bastante honesta. Eu não estava pronto para vencer este jogo quando começou. Fui set a set, me mantive no momento. Competi no momento. Foi um primeiro set duro e foi importante no início do segundo set salvar break points e aproveitar a minha primeira chance para quebrar. Foi aí que o jogo virou. Ele jogou mal no terceiro set. Continuei firme, estive muito bem aproveitando as oportunidades e estou aqui com a vitória.

TENTOU JOGAR PONTO A PONTO, SET A SET

Não tinha a pressão do meu lado e tentei usar isso. Tentei me descontrair para jogar o meu melhor tênis e depois a confiança aumentou. No início parecia tudo muito rápido e intimidado com o público, mas depois fui ficando mais confortável e me sentindo melhor nas trocas de bolas, devoluções e alguns detalhes. Foi um ponto ou dois nos momentos importantes.

NUNCA SEQUER TREINOU COM MEDVEDEV

Acho que nunca treinamos. Eu ainda sou novo nisto e nunca tive muitas chances de competir com os melhores. Espero um jogo muito duro, mas ainda não estou pronto para pensar nisso. Vou desfrutar nesta noite e amanhã vou pensar. É um jogador incrível, muito consistente nos Grand Slams e um grande desafio.

ORGULHO PORTUGUÊS

É grande para Portugal. Estou orgulhoso por ser português e estar aqui competindo nos maiores torneios do mundo. Espero estar conseguindo mostrar aos mais jovens que é possível estar aqui.

EXPERIÊNCIA DE COMPETIR EM GRAND SLAMS A ESTE NÍVEL

É uma loucura. Estádios cheios e nos Grand Slams a atenção é maior, tudo tem mais importância e significado. É onde todos dão tudo para ganhar. Vencer jogo em melhor de cinco sets é muito exigente. Faz você realmente merecer. É um grande feito para mim e estou muito contente. Estou vivendo o sonho.

JÁ ENTENDEU O QUE FEZ?

Ainda não entendi o que alcancei. Acho que estou vivendo com um dia e meio de atraso.

DECISÃO DE IR PARA O COLLEGE COM 18 ANOS

Tinha 18 anos depois do ensino secundário. Sou muito tímido e não queria falar com treinador de nenhuma universidade naquele momento. Me senti intimidado. Não me sentia pronto para ir para o circuito profissional naquele momento e entendi que talvez fizesse sentido jogar dois ou três anos na universidade. Não é fácil jogar 30 torneios por ano com 18 anos, em condições que não são as melhores na maioria das vezes. Ou está vento, as quadras não são perfeitas, os árbitros erram chamadas. Pode ser desafiador. Decidir adiar o profissionalismo, ir para os Estados Unidos e competir apenas em alguns torneios no verão. Senti que estava me preparando bem e de forma consistente na universidade. Fiquei lá os quatro anos porque senti que estava me desenvolvendo. Aprendi muito sobre mim também.

SONHO DE ENFRENTAR DJOKOVIC

Adoraria enfrentar o Novak Djokovic. Já joguei com o Carlos Alcaraz quando ela era número 1. O Djokovic seria o próximo desafio. Seria um prazer.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt