Jaime Faria: "Pedro Sousa é tão ambicioso quanto eu"

Jaime Faria: “Pedro Sousa é tão ambicioso quanto eu”

Por José Morgado - março 28, 2025
Jaime-Faria
FOTO: Pedro Ferreira

Jaime Faria, número dois nacional, tem vivido meses verdadeiramente memoráveis para a sua carreira. Depois de um 2024 já por si de sonho, o jovem de 21 anos começou a temporada de 2025 em grande, com a estreia em quadros principais de Grand Slam no Australian Open — apenas travado por Novak Djokovic –, os primeiros (e segundos) quartos-de-final em torneios ATP e a entrada no top 100 mundial pela primeira vez. Em entrevista ao jornal ‘Record’, Faria falou, entre outras coisas, da sua ligação especial com Pedro Sousa, o seu ‘treinador principal’, e deu relevo ao papel da Federação Portuguesa de Ténis na sua evolução.

FELIZ COM PEDRO SOUSA

Nós às vezes brincamos os dois porque parece que está demasiado fácil passar estas barreiras, mas não, é duríssimo. O ténis é um crescimento, uma evolução que temos vindo a fazer, não só eu como jogador, mas o Pedro também como treinador, no final de contas é uma coisa nova para ele. Ele tem apenas um ano e meio de treinador, mas está a correr muito bem. Não só comigo, mas também com o Henrique. Está a correr bem. Começámos, lá está, no final do ano de 2023. Desde então não tenho nada a dizer, tem sido um trabalho quase perfeito, muita aprendizagem, mas temos muita coisa a melhorar, o que é bom. E acho que sobretudo somos ambiciosos, acreditamos que podemos ir mais longe. Por exemplo, na Austrália, eu chego ao balneário depois do encontro com Djokovic e estava ali num misto de emoções porque tinha sido eliminado, mas consegui ganhar um set ao melhor de sempre e fiz um bom encontro. O Pedro chegou lá e em vez de me dar uma ‘palmadinha’ nas costas falou-me logo de coisas que eu tinha feito mal e que precisava de melhorar. E isso mostra um bocadinho a ambição que ele tem e que eu tenho através dele também. 

FOI DECISÃO NO INÍCIO DA ÉPOCA VIAJAR MAIS COM O PEDRO SOUSA

Agora há um novo treinador, o André Lopes, que nesta altura tem feito mais semanas com o Henrique Rocha. Falámos com o Rui [Machado, diretor técnico nacional] no início do ano. Eu pedi para fazer mais semanas com o Pedro. Também porque correu bem no ano passado. O André vai viajar comigo também, vamos ter semanas, o Pedro não pode viajar infelizmente o ano inteiro, tem filhos e família para cuidar e eu percebo. Mas é bom ter várias opiniões. Mas ficou delineado que eu viajasse mais com o Pedro e o Henrique mais com o André. Mas no final de contas são os dois os nossos treinadores. Diria que o Pedro é o principal. 

ACOMPANHAMENTO TODAS AS SEMANAS (E DESDE MUITO JOVEM) É RARO NO CIRCUITO

Vejo muitos jogadores a viajar sozinhos, sobretudo para os Challengers. Também acontece nos ATP, com fisioterapeuta ou mesmo sozinhos. É verdade que é caro, é um investimento que se faz, mas nós somos privilegiados de ter aqui toda uma base, uma equipa técnica que nos permite viajar com eles o ano inteiro, às vezes até treinador e fisioterapeuta. Portanto, nada a dizer. Os jogadores, lá está, vêm falar connosco e perguntam-nos como é que funciona este sistema da nossa Federação. É um projeto que já leva alguns anos e acho que está a dar muitos frutos. Vamos ter agora novos juniores a chegar também, mais fortes. O Nuno Borges também é um bocadinho fruto disso. E eu e o Henrique, sem dúvida. Estamos a aproveitar bem este acompanhamento. Lá está, desde os juniores que eu viajo com o treinador, o que é muito raro e um privilégio. E nós só temos que aproveitar e dar o nosso melhor, ir para dentro do campo provar que este trabalho não é em vão. Temos aqui preparador físico, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, vários treinadores, o que é ótimo pois temos várias opiniões. Não há desculpas.

ASPETOS QUE MAIS QUER MELHORAR…

Eu acho que para dar o próximo passo ainda tem que evoluir mais a direita. Tenho de fazer menos erros não forçados e ganhar mais pontos com essa pancada. Apercebi-me disso agora nos torneios da América do Sul.

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com