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Francisco Cabral em entrevista [parte I]: «Não quero meter um limite no nosso Estoril Open»
Há sensivelmente um ano, Francisco Cabral começou a olhar para os pares de forma diferente. Foi o momento em que mudou o foco para essa variante, onde tanto sucesso tem alcançado desde então. Ao lado de Nuno Borges, celebrou a conquista de oito títulos Challenger em dez finais, estreou-se (a vencer) na Taça Davis frente à Polónia, recebeu um wild card para o Millennium Estoril Open e tornou-se no número um nacional.
Agora como 120.º do ranking ATP, o portuense de 25 anos fala, em entrevista ao Bola Amarela, abertamente sobre o momento em que tomou a decisão e quais são os objetivos que tem a curto prazo.
BOLA AMARELA – Se há um ano te dissessem que nesta altura ias ter 8 títulos Challenger em 10 finais com o Nuno, o que é que dizias?
FRANCISCO CABRAL – Acho que diria que aceitava com todo o gosto. Comecei a dedicar-me mais aos pares no ano passado, um bocadinho depois do nosso primeiro título em Oeiras. Sempre que jogar é para ganhar, mas são números bonitos e muito especiais para nós.
BA – Qual é a chave do vosso sucesso? Muitas vezes vemos que nos pares até é mais fácil haver surpresas, mas vocês não dão hipóteses!
FC – Jogar numa senda vitoriosa acaba por ser mais fácil porque estamos mais decididos do que os outros nos momentos importantes. Além de termos uma conexão muito boa fora de campo, temos uma clareza tática e maneira de ver o jogo muito semelhante. Faz com que tudo seja mais simples.
BA – O que parece agora é que estão a jogar FIFA numa dificuldade que já dominam. Estão ansiosos por meter mais difícil?
FC – Pode parecer até que os jogos são fáceis, mas somos nós que acabamos por fazer com que pareçam fáceis. A verdade é que estamos a jogar a um nível muito alto. Claro que o ATP Tour, tal como já tínhamos dito, é um dos nossos objetivos e estamos muito felizes pelo convite que o Millennium Estoril Open nos deu.
BA – Já imaginas o que podem conseguir no Estoril Open?
FC – O nosso objetivo vai passar por tentar estar tranquilos, divertir-nos e fazer o que temos feito no último ano e mais especificamente nas últimas duas semanas. Depois acho que uma pessoa, tendo nível e estando bem, os resultados acabam por aparecer. Não quero meter um limite no nosso Estoril Open.
BA – Tenho também de te perguntar pela taça Davis. Agora já um tempo depois, ainda te parece mentira o que viveste nesse fim‑de‑semana?
FC – Foi a semana toda especial. É uma semana de que me vou lembrar para sempre. Espero ter a oportunidade de representar Portugal mais vezes, mas a primeira é sempre marcante. Jogar com a minha família e amigos a ver tornou tudo mais especial. É uma semana marcante na minha carreira.
BA – Foi fácil para ti tomar a decisão de apostar nos pares? O sonho costuma ser sempre os singulares…
FC – Ao início, estava a custar-me um bocadinho aceitar porque também sinto que não me levei ao limite nos singulares. Não vou culpabilizar cem por cento as lesões que tive, mas senti que nunca me tinha levado ao limite nos singulares. Isso dos pares era uma conversa que andava a ter com o Rui há algum tempo, no tempo em que ele ainda era o meu treinador. Estava a custar-me a aceitar porque era e sou novo e via uma longa caminhada pela frente. Mas tenho de ser racional. A partir do momento em que começámos a ter os resultados nos pares e eu estando no lugar em que estava nos singulares, tornou mais fácil. Mas claro que o sonho de quem começa a jogar ténis é sempre mais os singulares desde o início.
BA – Imagino que o objetivo em breve seja o top 100, mas até onde achas que podes chegar?
FC – Não pus nenhum objetivo a longo prazo, até porque sei que ainda agora comecei. Embora acreditasse que era possível, está a acontecer tudo muito rápido. Estou a subir de maneira consistente. Até podia ser ainda mais por causa de quem ainda tem pontos de 2019, mas ainda tenho muito para aprender e evoluir. Tenho pensado mais a curto prazo e o objetivo que tenho mais na cabeça é esse do top 100.
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