Entrevista com Lehecka [parte I]: "Na Austrália vi o nível real que tenho"

Entrevista com Jiri Lehecka [parte I]: “No Australian Open vi o nível real que posso mostrar”

Por Pedro Gonçalo Pinto - fevereiro 3, 2023
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Jiri Lehecka tem 21 anos e fechou a temporada passada como vice-campeão do Next Gen Finals. Já em 2023, não precisou de muito tempo para dar nas vistas, ao brilhar rumo às quartas de final do Australian Open, onde só perdeu diante daquela que seria o vice-campeão, Stefanos Tsitsipas. Agora na cidade Maia em Portugal para enfrentar os mandantes nos Playoffs da Davis Cup Finals, o número 39 do ranking da ATP conversou com o Bola Amarela para falar de tudo um pouco.

Confira aqui a primeira de três partes de uma entrevista exclusiva.

BOLA AMARELA – Tenho que começar perguntando sobre o louco Australian Open que você fez. Depois da derrota contra Tsitsipas, você disse que precisava de uns dias para perceber o que tinha acontecido… Como é que você faz essa análise agora? Foi um ponto de virada?

JIRI LEHECKA – Foi um grande torneio. Com o tempo, de que precisei para pensar como tudo tinha acontecido, sinto que foi mesmo um grande torneio para mim. Foram muitos jogos em que me levei ao limite e vi o nível real que posso mostrar. Um grande torneio, grande atmosfera, muitos pontos positivos para mim, algo que foi muito importante. Estou muito orgulhoso por ter competido assim.

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BA – Você perdeu por 3 a 0 contra Tsitsipas, mas teve as suas oportunidades com muitos break points. Em algum momento, sentiu que podia mesmo ir até ao fim?

JL – Eu acreditei desde o primeiro momento que podia derrotar Tsitsipas. Joguei uma partida muito equilibrada com ele em Roterdão, perdi em três sets (placar de 2 a 1). Sabia como era o jogo dele, mas ele já tem muita experiência e também sabia como era o meu tênis. Estávamos jogando na Rod Laver Arena, onde ele jogou todos os seus jogos e para mim era a primeira vez. Foi um pouco complicado, precisei de mais tempo para me adaptar a um palco tão grande. Felizmente, não joguei mal nesse jogo, fui bastante sólido. Mas não aproveitei as minhas oportunidades, o que me custou a partida. É preciso atacar e aproveitar as chances contra jogadores assim. Essa foi a chave.

BA – Você derrotou Auger-Aliassime e Norrie na Austrália, mas o que os tenistas do topo tem de diferente?

JL – Joguei contra vários bons jogadores e quanto mais longe se vai num torneio, os tenistas do topo jogam ainda melhor. É diferente enfrentar Tsitsipas na primeira rodada ou nas quartas de final. Vi que ele estava muito confiante, que gostava das condições. Mas era o mesmo para mim. Estava jogando um grande tênis nessas duas semanas e senti que podia me adaptar à Rod Laver Arena muito rápido. Desperdiçar aquelas oportunidades foi a chave do jogo e esses jogadores jogam cada vez melhor à medida que avançam no torneio.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt