Entrevista com Lehecka [parte II]: "Sei que posso ainda mais em Slams"

Entrevista com Jiri Lehecka [parte II]: “Sei que posso ir mais longe do que as ‘quartas’ de um Slam”

Por Pedro Gonçalo Pinto - fevereiro 3, 2023
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Créditos: Miguel Pinto/FPT

Na segunda parte de uma entrevista exclusiva ao Bola Amarela, Jiri Lehecka, atual número 39 do ranking ATP, fala sobre a importância da sua família no percurso que teve até agora, mas também da enorme ambição em uma carreira promissora. O tcheco, que se encontra na cidade de Maia em Portugal, para defender as cores da sua seleção contra Portugal na Copa Davis, acredita que as ‘quartas’ do Australian Open foram só o início.

BOLA AMARELA – Pesquisei sobre a sua família e percebi que o esporte corre no sangue de todos. Era impossível você não seguir o mesmo caminho né?

JIRI LEHECKA – Os meus pais são os dois professores. Por isso, estudar e ter os estudos completos era muito importante para eles. Não fui para a universidade. Talvez ainda vá, mas agora não está nos planos. Eles sempre me apoiaram a fazer o esporte que quis. Pratiquei alguns esportes diferentes, como natação, ciclismo, corrida, skate… Não era muito bom, mas tinha um nível sólido. Isso ajudou na minha carreira de tênis porque sabia fazer os muitos esportes. Eles me apoiaram ao longo do tempo e ainda bem que escolhi o tênis!

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BA – Quem foi a sua maior inspiração no tênis e na vida?

JL – No tênis, acho que é Michail Navratil, o meu atual treinador. Na vida, diria que também é ele, mas também o meu avô e os meus pais. Foram muito estritos comigo e me mostraram o caminho certo na vida.

BA – Você se vê no top 10 e a lutar para ganhar Grand Slams?

JL – Sinto que tenho o nível para derrotar os melhores. Sei que tenho o potencial sem dúvida. Mas agora entrei no top 50, já sei como jogar melhor o meu jogo e a minha tarefa mais importante nas próximas semanas e meses é desenvolver o meu tênis. Quero tentar trabalhar em todos os aspetos do meu jogo, ser melhor em praticamente tudo. Se conseguir continuar esse trabalho duro, com a dedicação que tenho agora, tenho muitas chances de ir além das quartas de final de um Grand Slam.

BA – Tenho que perguntar sobre o momento do tênis tcheco, tendo em conta a quantidade de jovens talentos. Como você vê isso?

JL – Há um grande sacrifício feito pelos pais. Os pais abrem mão de muito dinheiro e tempo para criar os próprios filhos e levá-los a grandes resultados para serem grandes jogadores. Isso é o mais importante. Mas claro que sem o apoio da federação é quase impossível de nos destacarmos. Na República Tcheca, temos muitos centros de treinamentos muito bons, nos quais podemos nos preparar e jogar com tenistas da mesma idade. Isso é o mais importante que a nossa federação fazendo. Temos três ou quatro centros em diferentes cidades em que todos os jogadores vão lá para jogar e competir uns com os outros. Isso pode fornecer uma grande preparação para os torneios.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt