Nuno Borges em entrevista [parte III]: «Aos 18 anos tinha algum medo dos Futures»

Nuno Borges em entrevista [parte III]: «Aos 18 anos tinha algum medo dos Futures»

Por Pedro Gonçalo Pinto - maio 8, 2021

Nuno Borges, atual número 301 do ranking ATP, vive uma fase de pleno crescimento na carreira aos 24 anos. Numa grande entrevista, não teve problemas em falar sobre a decisão de ter apostado numa ida para os Estados Unidos, para jogar no College, enquanto também abordou o atual sistema do ranking. Veja também a primeira e a segunda partes da conversa.

BOLA AMARELA – Quando olhas para jogadores como Sinner, com 19 anos, Alcaraz, com 18, alguma vez colocas a tua decisão de teres ido para o College em causa?

NUNO BORGES – Eles terem 19 ou 17 e estarem onde estão e eu ter ido para o College não tem relação nenhuma, porque tenho a certeza que com 18 não estava pronto para jogar assim nem pouco mais ou menos. Aliás, até tinha algum medo dos Futures porque é duro. Um jogador que não está pronto vai passar por muito sofrimento e angústia. Alguns ficam lá presos e não conseguem sair. Achei que ao ir para os EUA ia ter uma experiência mais enriquecedora e desenvolver o meu jogo para que quando saísse estaria mais pronto para enfrentar esses torneios. Não era muito desenvolvido em quase todos os aspectos que o Sinner e o Alcaraz são. Eles são mais maduros do que eu era. Tenho de aceitar que eles são muito melhores do que eu nesse aspeto, ainda estão em crescimento. Apostaria neles para serem top 10 do mundo brevemente, a curto-médio prazo.

BA – E a verdade é que a tua decisão dá-te razão…

NB – Nunca quis largar tudo. Não larguei tudo desde que era mais novo, nunca deixei os estudos para atacar o ténis a cem por cento. Nem sei se o Alcaraz está a fazer o secundário ou como funciona. Ele está a 120 do mundo a jogar todas as semanas em torneios ATP. Nem sei como é gerir uma situação dessas, nem há comparação possível. Estão num estado que não sei como é. Mas estou muito contente com o meu processo e não tenho arrependimento nenhum.

BA – É difícil ter paciência para subir no ranking, um processo que ainda demora mais agora?

NB – Estou a jogar esta semana porque não tinha nenhum torneio acima para jogar. Agora tenho é de dar tudo para ver se consigo ganhar o torneio e ir o mais longe possível. Não posso olhar para o ranking. Vou planeando conforme consigo e o ranking vai aparecendo. Tenho de me preocupar com a semana. É frustrante. Vejo jogadores que quase não competiram e estão à minha frente. Estamos um bocadinho nas mãos das decisões que estão a ser feitas e é acreditar que no fim vamos ter aquilo que merecemos.

BA – O ranking não condiz contigo agora?

NB – Eu tenho subido. Acho que poderia estar mais alto se o ano tivesse sido regular, sem pandemia, sem congelamento, mas poderia ser passado mais tarde. Da maneira que o ano está a correr se calhar teria subido mais um bocado, mas nesta altura são muitos pontos para subir. Por muito mais alto que estivesse acho que não seria assim tão mais. Estou contente por estar a 301. Gostava que estivesse a 300 certos porque era mais bonito! Vamos ver se esta semana dá para isso!

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt