Sem pressão, Andy Murray. Pode ser que seja desta
Temporadas de 2011, 2012, 2013, 2015 e, agora, em 2016. Andy Murray parece ter uma ligação bastante especial ao Open da Austrália, mas nesta história existe um pequeno problema: é que Novak Djokovic também tem. Aliás, a última página de todas as histórias de Andy Murray terminam com a assinatura do jogador sérvio, que tem negado constantemente o título ao britânico. Costuma-se dizer que à quinta é de vez, certo?
Confronto direto: mais do mesmo para Djokovic
Vantagem (considerável) no total de confrontos, vantagem em encontros de piso rápido (todos realizados em condições de outdoor), vantagem em torneios do Grand Slam e até uma maior autoridade nos sets ganhos. Novak Djokovic é o rei e senhor do confronto direto, mas bem vistas as coisas, poderá haver pontos em que o britânico não fica tão atrás assim
Importa realçar que quatro das nove vitórias de Andy Murray diante do número um do mundo aconteceram antes de 2012 – e uma delas graças a desistência na segunda partida -, mas não deixa de curioso notar que mais de metade dessas vitórias aconteceram em sets diretos. E ainda mais de metade dessas vitórias aconteceram em finais. Inclusive na final do Open dos Estados Unidos, que Murray venceu numa quinta partida,
Percurso até à final: tudo muito equilibrado
A julgar pelos estatutos de cabeças-de-série, esta deveria ser considerada a final mais natural de acontecer, mas nenhum dos jogadores teve um percurso propriamente fácil para chegar até aqui aqui. Mas também não foi propriamente difícil.
Se deixarmos de parte o duelo com Gilles Simon, que ultrapassou todos os padrões normais de encontros de Novak Djokovic, pode dizer-se que o cinco vezes campeão de Melbourne não esteve longe do triunfo nos restantes cinco encontros.
Beneficiou de exibições abaixo do esperado da parte de Federer e Nishikori e, apesar de algumas falhas frente a Andreas Seppi, Djokovic foi capaz de se impor quando era necessário e demonstrou a razão pela qual é considerado o incontestado líder da hierarquia.
Por sua vez, Andy Murray foi testado frente a João Sousa, cedeu um set para David Ferrer e teve também a felicidade de ver Milos Raonic sucumbir a uma lesão a meio do encontro das meias-finais. Na segunda semana, Murray não jogou o seu melhor ténis do princípio ao fim de qualquer encontro, mas a verdade é que acabou por ser o suficiente para estar novamente na final, e isso pode também resultar em doses de confiança para o britânico.
É normal que Andy Murray tenha passado mais tempo em court, dado que disputou mais uma partida do que o seu adversário deste domingo. Contudo, os valores relativos à distância percorrida, aos números de jogos e à duração média de cada set disputado é bastante parecida.
Conclusão: no que toca ao campo físico, a única coisa de que Murray se pode queixar é mesmo o facto de ter tido um dia a menos do que Djokovic para se preparar para esta final. E isso já ele descartou.
Eficácia: Andy Murray mais certeiro
Cem erros não forçados é a estatística mais relevante de Novak Djokovic no Open da Austrália de 2016. Só nesse encontro, o sérvio cometeu quase 45% de todas as faltas não provocadas ao longo das duas semanas. Não, não foi bonito.
Essa é a principal razão para Djokovic ter um número de erros não forçados tão elevado e que acaba por “estragar a pintura” nas suas estatísticas. Para além do encontro frente a Simon, Nole terminou com diferença negativa de winners e erros diretos em mais dois duelos, ao passo que Murray apenas excedeu os erros aos winners frente a David Ferrer, nos quartos-de-final.
Djokovic sai a ganhar apenas nas subidas à rede, quer em número quer em eficácia. O instinto ofensivo poderá ser importantíssimo na final.
É o serviço quem mais ordena?
É realmente curioso que, ao contrário do que aconteceu na final feminina, os números de Novak Djokovic e Andy Murray se encontram tão equilibrados na maior parte dos aspetos. Também aqui, os dois jogadores de 28 anos demonstram que não anda muito longe um do outro – ainda que Murray tenha disparado mais ases, Djokovic tem um primeiro serviço que “entrou” mais vezes.
Murray tem um serviço mais rápido e pode até dizer-se que, ao longo deste torneio, tem sido melhor (quando não disparou ases, provocou quase 40 erros dos seus adversários na resposta), mas do outro lado da rede vai estar quem muitos o melhor do mundo a devolver o saque. Realce também para o elevado número de duplas-faltas do número dois do mundo.
E agora?
Novak Djokovic e Andy Murray vão disputar pela primeira vez finais consecutivas do Open da Austrália desde 1992/93, quando Jim Courier vingou em ambas as finais a derrota sofrida para Stefan Edberg na edição de 1991. Em pleno 2016, pode dizer-se que Andy Murray tem muito para vingar, mas dificilmente terá encontrado no passado um Novak Djokovic em tão boa forma como aquele que vai encontrar neste domingo. Os dados estão lançados.