Outro italiano viveu caso de doping igual ao de Sinner: "Clostebol não melhora o rendimento"

Outro italiano viveu caso de doping igual ao de Sinner: “Clostebol não melhora o rendimento”

Por Pedro Gonçalo Pinto - agosto 22, 2024
Divulgação/FFT

Muito se continua falando sobre o caso de doping de Jannik Sinner, que testou positivo para Clostebol durante o Masters 1000 de Indian Wells. A justificativa foi um creme para feridas que o seu fisioterapeuta tinha utilizado, e o número 1 do mundo foi inocentado. Vários foram as críticas para toda a situação falando em tratamento preferencial a Sinner, mas um caso semelhante leva a uma reflexão.

É que o especialista de duplas Marco Bortolotti viveu uma situação em tudo parecida na reta final do ano passado, após testar positivo à mesma substância no Lisboa Belém Open. A partir daí, foi inocentado em um processo que correu rapidamente e que só se tornou público também no seu final. Nada melhor do que ler o testemunho de Bortolotti ao portal “Ubitennis”.

TESTE POSITIVO EM LISBOA

No dia 4 de outubro fiz um teste em Lisboa e no fim de novembro recebi a notificação de que tinha dado positivo a Clostebol. Tentamos descobrir de onde vinha essa substância, investiguei tudo o que tinha feito nesses dias e chegamos a uma conclusão que explicamos e que coincidia com as quantidades detectadas pela ITIA e pela AMA. Uma vez cumprido todo o processo, absolveram-me em fevereiro, declarando que não tive culpa nem negligência. Tiraram-me os pontos e o dinheiro do torneio de Lisboa e só fiquei dois meses sem competir.

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TAMBÉM TEVE TRATAMENTO RÁPIDO

Primeiro devem realizar todos os testes e investigações, dando-nos a oportunidade de pedir provas. Só se expõe o caso quando está tudo claro. Tudo se resolveu em dois meses, mas foi interminável para mim. Também foi tudo ligado a um creme que tinha Clostebol. Sabia que se não provasse a minha inocência, a minha carreira acabava e não podia dedicar-me a ser treinador, que é algo que gostaria de fazer daqui a uns anos. Quando chegou a notícia estava no último torneio do ano e no primeiro da temporada seguinte já tinha o aval para competir porque tinha resolvido tudo.

SEM EFEITOS

O pior já passou para o Sinner, a não ser que a AMA decida recorrer. É realmente estúpido pensar que o Jannik decidiu dopar-se, isto é um creme para feridas, não influencia o seu rendimento desportivo, ainda para mais com a quantidade mínima que encontraram no seu corpo. Quando me acusaram, falei com um amigo biólogo e ele disse-me que se me dopasse com Clostebol era um autêntico imbecil porque não é um esteroide real que melhore o rendimento.

EM DEFESA DE SINNER

Há tenistas que estão falando de Jannik sem conhecerem o caso, como Kyrgios, Pouille ou Shapovalov. Não analisaram o tema de maneira alguma e não têm ideia de como funcionam as coisas. Veem um título e ficam criticando porque têm inveja de Sinner. O Jannik tem todo o meu apoio e solidariedade.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt