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Quando os Champs valem tanto quanto os campeões
Foi convocado pela primeira vez há três anos e desde então não tem falhado a presença no Millennium Estoril Open. Entrou sem se dar quase por ele mas, hoje, circula no Clube de Ténis do Estoril com o à vontade de quem faz parte do elenco do torneio do ATP World Tour. E, a bem da verdade, tem feito. À sua maneira. E uma maneira apreciada, conforme tem constatado o Bola Amarela por estes dias, por apanha-bolas, juízes árbitros, membros da organização, elementos de stands, adeptos da modalidade que circulam diariamente pelo recinto, controladores e até entre jornalistas.
Ele é Julinho. Um menino que conheceu o Millennium Estoril Open tinha somente 11 anos e atualmente contabiliza mais três, um número muito inferior àquele que cresceu em centímetros. Na altura deu-se a conhecer por, de forma bastante tímida, vender pulseiras solidárias em nome da Academia dos Champs (AdC), uma IPSS que trabalha a integração de jovens em vulnerabilidade social através do ensino do ténis. Hoje ainda desempenha as mesmas funções, na tentativa de ajudar a divulgar e a angariar fundos para a AdC, mas já distribuiu sorrisos rasgados e cumprimentos afáveis com quem se cruza.
Fã confesso de Gastão Elias, Julinho é “apenas” um dos mais de 200 beneficiados pela IPSS, parceiro social do evento, que, ao longo dos anos, alargou o seu raio de ação a todo o país, ao abrir 10 núcleos onde recebem e apoiam crianças/jovens entre os 5 e os 18 anos. No Millennium Estoril Open estão somente alguns desses Champs. Não são muitos, quando comparados com o número global dos que incluem o projeto, mas os que estão são bons. Bons à sua maneira.
Enquanto Julinho tenta vender pulseiras e distribui flyers de promoção à “casa” onde aprende a jogar ténis, interioriza valores como auto estima, resiliência ou disciplina e beneficia de algumas oportunidades, os seus amigos da AdC desempenham outras funções no torneio. Luís, Filipe, Jordane, Leonardo, Bruna, Silvina e Wilson integraram a equipa de apanha-bolas. Fábio e Eduíno são monitores no Fun Center, Leonel e Pamela envergam as mascotes da AdC e Sérgio, contratado pelos CTT, é carteiro e distribui a newsletter “Primeiro Serviço”. Lourenço e Julinho entraram no Estádio Millennium pela mão de Denis Istomim e Frederico Silva, respetivamente, e Leonel, Luís e Wilson até privaram alguns valiosos minutos com o Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa.
Já escreve Rosália Amorim, diretora do Dinheiro Vivo na sua crónica de opinião no Diário de Notícias, que “há uns anos eram muitos os que consideravam que o ténis era um desporto dos queques ou dos ricos. Hoje não. Felizmente esta modalidade desportiva está democratizada, como tantos outros desportos.” E a Academia dos Champs, personificada em Julinho & Ca, é um exemplo disso mesmo. Nascida de uma paixão pelo ténis, para gerações vindoras… para a vida.
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