O que comem os campeões das raquetes, afinal?
1. Novak Djokovic e a dieta livre de glúten
A derrota para Jo-Wilfried Tsonga nos quartos-de-final do Open da Austrália 2010, depois de uma prestação desastrosa por se sentir “cansado”, levou Novak Djokovic a tomar uma decisão: fazer do prato o melhor dos seus aliados e mostrar de que fibra é feito um jogador livre de glúten. O sérvio livrou-se da massa, do pão e das pizas e deu as boas-vindas a uma dieta baseada em abacate, proteína de ervilha, mel e água morna. Estava dado o primeiro passo para o início de uma fase que terminiaria com o ténis a ser elevado a níveis de atleticismo nunca antes experimentados. Pelo caminho, o número um mundial perdeu peso, melhorou visivelmente a sua movimentação no court e ficou com um sistema respiratório como novo.
2. Rafael Nadal: Chocolates, Nutella e batatas fritas
Rafael Nadal é muito pouco dado a exageros, alimentos da moda ou dietas rígidas quando se trata de alimentar o seu principal ganha-pão. Adepto dos extremos, sim, mas quando troca os talheres pela raquete, porque quando tem o prato à frente, Nadal prefere reger-se pelo bom velho hábito de “comer de tudo um pouco”, sem dizer que não a três dos seus alimentos preferidos: chocolates, Nutella e batatas fritas. A exceção surge antes dos encontros, altura em que dá preferência ao peixe grelhado, massas e legumes, sem renunciar à… felicidade. Porque, em abono da verdade, é essa que realmente importa.
“Para teres uma dieta livre de glúten ou qualquer outra dieta perfeita, tens de fazer sacrifícios e isso significa que não vais estar feliz o dia todo nem fresco mentalmente, porque é um grande esforço. Por isso é melhor não ir por aí”.
3. Maria Sharapova e o poder da banana
É certo e sabido que um corpo de 188 centímetros bem medidos não se alimenta a pão e água, mas o que talvez não seja do conhecimento geral é o especial apreço que Maria Sharapova tem por aquela que é a fruta dos atletas por excelência. Mas recuemos a 2006. A russa tinha acabado de vencer o Open dos Estados Unidos, derrotando Justin Henin na final, quando, na conferência de imprensa, foi acusada de receber aconselhamento do seu pai durante o encontro.
Na verdade, Yuri Sharapov apenas se preocupou em relembrar a sua filha de comer uma… banana. Tão simples e inofensivo quanto isso. Ora, como seria de esperar, calada perante a insinuação é que a russa não ficou: “acabei de vencer um Grand Slam e quer falar comigo sobre uma banana. Acha que foi por causa disso que eu venci o encontro?#8221; Por causa da banana não terá sido, certamente, mas quem garante à jogadora russa que as cãibras não tivessem feito das suas se não se prevenisse. Os pais sabem destas coisas.
4. Vegetais é com as irmãs Williams
Quem não tem um amigo que aproveita a primeira distracção para fazer um daqueles truques em que as batatas fritas desaparecem por magia do nosso prato? Pois bem, Venus Williams confessa já ter sido essa pessoa. Mas mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos, e desde que foi lhe diagnosticada a síndrome de Sjogren, a norte-americana virou-se para os vegetais e recorre aos sumos naturais para conseguir picos de energia.
Fã de vegetais (crus) é também a sua irmã mais nova. Serena descobriu que eliminar o leite e a carne da sua dieta ajudava o seu organismo a livrar-se das inflamações musculares e, desde então, prefere as frutas e os sumos naturais. Mas sempre? Saudável, mas não tanto: “não sou perfeita, e não faz mal se fugir à dieta de vez em quando”.
5. As 6 mil calorias de Andy Murray
Pernas como as de Andy Murray não se mantêm com folhas de alface, isso é sabido, mas 6 mil calorias? Não será um abuso? Talvez não. É que tal como Novak Djokovic, o escocês decidiu renunciar ao glúten há alguns anos, não por ser intolerante, mas por opção, e compensa a falta dessa proteína vingando-se diariamente numa série de alimentos energéticos.
De manhã abusa dos frutos secos, e depois dos encontros enche a barriga de sushi que a sua equipa lhe providencia. Murray chega a comer cerca de cinquenta peças de sushi. De novo: cinquenta! Um mal (?) necessário, já que sem esta dieta perderia cerca de 18 quilos de músculo por temporada.
“Esta dieta deu-me mais energia. Sinto falta de pegar no menu e poder pedir o que me apetece sem restrições. Pode tornar-se frustrante quando estou no restaurante e vejo os que me rodeiam a comer pão com manteiga ou não poder comer iogurte normal, mas tem valido a pena”. Quanto às afamadas bananas… “Para ser sincero, acho a banana um fruto ridículo, nem sequer tem sumo. Os pêssegos e as ameixas fazem mais o meu género”.
6. Patty Schnyder e os jarros de vitamina C
Agora que está de regresso à competição, depois de ter anunciado a sua retirada do circuito feminino em 2011, não sabemos se Patty Schnyder ainda acredita nas boas vibrações da vitamina C mas sabemos, sim, que durante a sua primeira carreira a jogadora suíça bebia TRÊS litros de sumo de laranja natural por dia. O incentivo partiu do seu treinador, que viria a tornar-se seu marido alguns anos mais tarde, e, ainda que se tenha revelado céptica no início, a verdade é que a carreira de Schnyder dura há 17 anos… and counting.
7. Ivanisevic: muito mais do que comida
Acha que já leu excentricidades que cheguem para um só artigo? Então prepare-se, porque esta poderá ser a história mais fascinante sobre Grand Slams que alguma vez ouviu. Em 2001, Goran Ivanisevic contraiu uma lesão no ombro e só chegou a calcar a relva de Wimbledon graças a um wildcard. Passo a passo, o croata foi avançando no torneio londrino e, às tantas, obrigou-se a repetir o mesmo programa todos os dias. É agora que vem a parte impressionante.
O ritual consistia no seguinte: meia hora de Teletubbies (sim, os desenhos animados) todas as manhãs, no hotel, treino ou encontro à tarde e a mesma refeição todas as noites, no mesmo restaurante e na mesma mesa: sopa de peixe, borrego assado com batatas fritas e gelado com calda de chocolate. O final da história já todos conhecemos. Venceu Patrick Rafter na final para conquistar aquele que seria o seu único Major da carreira. Palmas!
8. A dieta de Roger Federer… Mas qual dieta?
E eis a altura em que pensamos: “bem, nem quero imaginar o que comerá Roger Federer para ter conquistado tantos títulos e recordes, e permanecido mais de 300 semanas no topo do ranking“. Bem, na verdade ele é apenas… normal. O melhor jogador de todos os tempos, para muitos, não cede a restrições ou dietas exóticas.
“Não sei muito bem o que significa tudo isso. Eu como de forma saudável e é isso que todas as pessoas deviam fazer. Claro que uma boa dieta é importante num atleta, mas não é tudo. Percebo que os jogadores tentem diferentes dietas e percebam o que funciona para eles, mas a minha é simples, natural e saudável”. Um homem de equilíbrios, nada de novo. Bom, talvez haja algo que ainda não saiba: Roger Federer nunca dorme menos de 10 horas por noite. Como é que tal é possível com dois pares de gémeos em casa? Sendo-se Roger Federer, naturalmente.
Fontes: The Independent, Yahoo.com, The Tennis Space, The Telegraph, Daily Mail, Webmd.com