Nuno Borges: "É uma vitória que significa muito para mim"

Nuno Borges: “É uma vitória que significa muito para mim”

Por José Morgado - maio 28, 2023

Paris, França – Nuno Borges conversou nesse domingo com os jornalistas portugueses presentes em Roland Garros e admitiu toda a sua felicidade de somar uma primeira vitória da carreira no maior torneio do mundo no saibro.

ISNER, UM ADVERSÁRIO ESPECIAL

Já vi o Isner muitas vezes e já sabia que os encontros dele são sempre a mesma coisa. Faz a diferença no serviço e faz pressão de fundo do campo. Aceitar que os erros dele também são bons para mim. Tive de aprender a celebrar os erros dele e perceber que ele toma conta do ponto sempre e que os encontros contra ele são mesmo assim. Foi um encontro com mais altos e baixos, também a nível mental, em que tive de aceitar os momentos feios. Terceiro set a servir para fechar não consegui. Esforcei-me para ganhar o tie-break mas depois sou mal quebrado no início do quarto set. Aliás, não sinto que tenha servido bem durante todo o encontro e penso que as percentagens mostram isso. As coisas poderiam ter corrido melhor para o meu lado e poderia ter resolvido mais cedo, mas também podia ter corrido pior.

NÃO SERVIU COMO GOSTARIA

Com um jogador como ele deveria ter metido mais primeiros porque ele vem logo para cima de mim no segundo serviço. É um encontro muito jogado com a pressão das duas primeiras bancadas. Quando se baixa o jogo ele não ganha a muito gente. Pode não se mexer da melhor maneira mas não precisa de se mexer porque toma logo conta do ponto.

TREMEU DUAS VEZES QUANDO SERVIU PARA FECHAR SETS

Tenho de aprender a jogar melhor esses momentos em que posso fechar, ele me aperta e eu não consigo estar à altura. Não consegui produzir o nível necessário nessas alturas. Acho que também é normal porque tenho muito menos experiência do que ele e estou confiante de que quantos mais encontros de elite jogar, melhor será.

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ZAPATA OU SCHWARTZMAN, RIVAIS BEM DIFERENTES

Vai ser mais físico, com mais pancadas de fundo do campo. Isso dá-me algum conforto por saber que vou poder jogar mais ténis. Se levar uma tareia pelo menos sei que esteve nas minhas mãos fazer diferente. Se ganhar é porque estive bem durante muito tempo. Será mais um grande desafio. Estou cansado, mas sinto-me bem e confiante. Tenho dois dias para recuperar.

MELHOROU MUITO NO ÚLTIMO ANO

Se calhar na televisão não parece e pareço o mesmo jogador, mas há pequenos detalhes técnicos que vão melhorando e só quem está dentro do meu processo percebe que estou melhor. Sinto-me melhor e estes jogos puxam-me, desafiam-me e obrigam-me a jogar cada vez melhor diante de grandes jogadores. É aqui que quero jogar e estar.

QUINTO PORTUGUÊS A GANHAR EM ROLAND GARROS

Não sinto que seja alguém sobrenatural. Fiz um percurso diferente porque apareci mais tarde do que a maioria dos jogadores. É uma vitória que significa muito para mim e espero que signifique muito para os portugueses. É uma honra representar o país nestes torneios.

FORMATO À MELHOR DE CINCO AGRADA-LHE

É igual para os dois. É claro que há fim de três horas não bates na bola com a mesma frescura, mas por outro lado vais ganhando algum ritmo ao longo do encontro e isso também é bom. Penso que é um formato bom para estes torneios em que temos dias de descanso.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com