Num país em guerra, a Ucrânia é um exemplo de como é possível ir longe com dedicação - Bola Amarela Brasil

Num país em guerra, a Ucrânia é um exemplo de como é possível ir longe com dedicação

Por admin - abril 9, 2017

Derrotados, mas com cabeça erguida e sempre com boas palavras a dizer sobre a eliminatória. A seleção ucraniana não conseguiu fazer frente ao quarteto português mas diz ter tirado uma boa experiência da semana em Lisboa. Andrei Medvedev, o capitão, não deixou de dar os parabéns a Portugal pela vitória e diz que os seus atletas fizeram o melhor que conseguiram para representar as cores do país.
O antigo número quatro mundial fez questão de felicitar a equipa portuguesa, os oficiais e toda a organização envolvida na eliminatória de Portugal com a Ucrânia:

“Os nossos jogadores tiraram um ótima experiência desta eliminatória, de que nós precisávamos. A nossa nova geração está a ganhar a experiência que estava a faltar, e estão finalmente a entender aquilo que é preciso. Desejamos boa sorte à equipa portuguesa para os playoffs, têm uma equipa boa e unida. Estou certo de que se vão manter assim”.

O capitão ucraniano manteve uma postura ativa no banco enquanto Artem Smirnov disputava um equilibrado encontro com João Sousa, especialmente durante as primeiras duas partidas. “Penso que a chave foi o João. Ele jogou a um nível muito bom de ténis e foi duro para mim competir nos pontos importantes. Não me deu grandes hipóteses, estava sólido, e teria de ser eu a jogar o meu melhor ténis a ganhar os pontos da linha de fundo. Ele não estava a falhar nada”, analisou o jogador de 29 anos, que ocupa este momento a 507.ª posição do ranking.
Esta opinião foi, contudo, questionada pelo próprio Andrei Medvedev, que do seu ponto vista achou que “o João teve de “escavar bem fundo”, e teve de jogar mesmo muito bem para o derrotar (…). Se ele tivesse jogado um pouco pior teria perdido”. Recorde-se que Smirnov chegou a estar a servir para fechar a primeira partida duas vezes.

Illia Biloborodko: da guerra com os rebeldes até à Taça Davis em Portugal

Com os seus jovens 15 anos e ainda com muito por aprender, Illia Biloborodko jogou esta tarde no CIF aquele que foi o seu primeiro encontro profissional de ténis. A história do mais novo jogador de toda a eliminatória, e um dos mais novos em competição neste fim-de-semana, foi abordada em conferência de imprensa e contou com a influência dos ataques que assolam neste momento o território ucraniano, com várias zonas dominadas pelos rebeldes.
Com o seu inglês tímido e depois de um encontro em que terminou em lágrimas, Illia aproveitou o seu momento na sala para parabenizar Portugal pelo resultado e diz que esta semana o ajudou a nível profissional, pois é com os melhores que se aprende. “Treinei esta semana com uma equipa fantástica e deveria ter mostrado um melhor nível de ténis, mas não consegui, estive com um pouco de receio do court e do encontro”, comentou o jovem.
Há sensivelmente um ano, a guerra forçou Illia a mudar-se para Kiev com a sua mãe em busca “de uma boa oportunidade de representar a Ucrânia, na Taça Davis”, e de melhores condições para melhorar o seu nível competitivo. “Somos mais de 40 milhões de pessoas e temos uma terra muito bonita, com pessoas muito trabalhadoras. O desporto é popular, com os resultados que os nossos jogadores estão a conseguir a nível de topo.
“Esperemos que tenhamos mais crianças a jogar ténis, pois temos bons treinadores e o trabalho da nossa federação tem sido fantástico”, concluiu Medvedev, que espera tempos mais prósperos para o seu país.
Com este resultado, a Ucrânia falha a possibilidade de voltar a jogar o playoff de acesso ao Grupo Mundial, onde nunca marcou presença, mas deixa uma mensagem para todos os jovens jogadores com condições substancialmente superiores, tanto em Portugal como no resto do Mundo, do que as de Illia Biloborodko. Tudo é possível.

Foto: Fernando Correia/FPT