Nadal sem rodeios: "Se eu fosse o capitão, não me escolheria para jogar"

Nadal sem rodeios: “Se eu fosse o capitão, não me escolheria para jogar”

Por Pedro Gonçalo Pinto - novembro 19, 2024

Honesto e sem rodeios. Assim se apresentou Rafael Nadal na coletiva de imprensa depois de perder para Botic van de Zandschulp no primeiro jogo do confronto Espanha-Países Baixos, nas quartas de final das Davis Cup Finals. O espanhol confessou que não apostaria em si mesmo para jogar se fosse o capitão, mas garante que vai continuar dando tudo.

EMOÇÃO NO JOGO

Sinto que este foi o meu último jogo como profissional em simples. Sabia que podia ser o meu último jogo como tenista profissional. Os momentos antes foram emocionantes e difíceis de gerir. Muitas emoções. Tentei fazê-lo da melhor maneira. Não posso agradecer o suficiente ao público que me apoiou. Foi tomada a decisão de que eu iria jogar. Sabíamos que havia um risco, mas o David nos viu treinando durante a semana e me escolheu, pensando puramente no lado esportivo. Não consegui ganhar o ponto. Ganhei muitas vezes, hoje não deu. A nível de atitude e energia não falhei, só não encontrei o nível necessário para dar o ponto para a Espanha. Estou há muito tempo sem competir e estive melhor nos treinos do que hoje.

COMO SE SENTIU

Na melhor das chances, me restam umas horas como jogador, espero que não, mas não sou o capitão e quem toma as decisões acredita no melhor para a equipe. Disse que se não me visse preparado me descartava, mas não foi o caso. Acho que treinei suficientemente bem para jogar. Só não pude render como gostaria. Depois do jogo, espero que passemos e haja outra oportunidade, mas, se eu fosse o David, colocaria outro jogador.

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MANTÉM A VONTADE?

Não é que não tenha vontade. Uma coisa é apetecer a mim e outra é acreditar que é o melhor para a equipe. O que apetece às vezes não está de acordo com o que é melhor para a equipe. Tinha a incógnita e como ia responder na competição, já que estou há meses sem jogar. Nos treinos funcionou bem. Quem sabe sigamos em frente para eu trabalhar para ser opção, seja em simples ou duplas. Visto o que vi do meu nível, em competição, se eu fosse o capitão não me escolheria. É uma coisa diferente. Digo o que penso que seria melhor para a equipe. Se o David, na sexta-feira, me disser que tenho que jogar, vou fazê-lo com o maior entusiasmo.

JOGO MAIS DURO EMOCIONALMENTE?

Não acho que tenha sido. Evidentemente, há um cúmulo de circunstâncias que faz com que tudo seja muito rápido, que seja difícil controlar o jogo porque não tenho os automatismos quando está em competição. Esta quadra é mais rápida do que estamos habituados. Não tinha agilidade mental para gerir bem certos momentos. Tive jogos mais estressantes do que este, mas este pode ser o meu último e isso, emocionalmente, tinha que ser gerido. Não quero ser duro comigo mesmo. Não deu para mais. Continuarei treinando a cada dia para estar melhor do que hoje. Vou apoiar a equipe e espero que corra bem. Perdi o meu primeiro jogo na Davis e perdi também o último.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt