Lágrimas de Nadal por Federer não foram só no court: «O pior foi quando fui para casa...»

Lágrimas de Nadal por Federer não foram só no court: «O pior foi quando fui para casa…»

Por Pedro Gonçalo Pinto - setembro 26, 2022

Rafael Nadal explicou que não podia perder a despedida de Roger Federer por nada deste mundo. Isso percebeu-se facilmente pelo facto de o espanhol ter chorado copiosamente em court mas, segundo o próprio, as lágrimas não foram apenas na O2 Arena. O fim-de-semana foi emocionante para Rafa.

ADEUS INESQUECÍVEL

As emoções já acalmaram, estou em casa há dois dias, mas vi a competição pela televisão. Foram momentos muito bonitos e emocionantes, mas também um pouco triste. Por um lado tinha a motivação para jogar o encontro, nervos por ser um momento especial e satisfação de ter sido parte deste momento histórico. Saiu um dos maiores ícones na história do desporto, algo que se vive com tristeza. Saiu alguém que entreteve, emocionou e inspirou muita gente, eu incluído.

MUITAS LÁGRIMAS

Sou uma pessoa sensível, quando vejo alguém que eu aprecio a despedir-se é difícil não emocionar-me. Fugiu-me um pouco do controlo, e o pior foi quando fui para casa e voltei a chorar. Era difícil que algo assim não acontecesse depois de tudo o que se viveu naquela noite. Não vi as imagens, mas foram momentos muito difíceis. Não queria chorar, mas não deu. Foi uma rivalidade muito saudável desde o primeiro encontro que jogámos em Miami, quando eu ainda não era rival dele. Além de ser uma parte muito importante da minha carreira, é alguém com quem aprendi muito e que me ajudou a evoluir. Vivemos muitas coisas juntos. É alguém irrepetível por tudo o que fez e como fez, de maneira majestosa e elegante também a nível pessoal.

COMO COMBINARAM JOGAR PARES

Ele sabia que eu estava numa situação difícil e que a minha presença na Laver Cup era quase impossível. Anunciou a retirada no dia 15, mas dez dias antes ligou-me a contar o que ia acontecer. Foi uma conversa difícil, estivemos um quarto de hora a falar, a explicar-me como foram os últimos meses e foi sincero quanto ao que o fez parar. Desde esse momento disse que adorava que pudéssemos jogar juntos o seu último encontro, desde que eu pudesse. Mas naquele momento nem ele estava convencido de que estaria apto. Foi até voltarmos a falar e ele disse que estava pronto para os pares. Tive a sorte de poder viver esse momento, foi uma honra.

SEM PENSAR NO FIM DA CARREIRA

As coisas não se podem preparar com muito tempo, não acredito que a vida te permita prever muito as coisas. Não estou a planear o meu fim de carreira, será como tiver de ser. Temos de viver as coisas com naturalidade. Também acho que o Roger não tinha isto preparado. Teve a despedida que merecia, felizmente foi dentro de court, algo que parecia difícil há umas semanas. Estou feliz por ele ter podido despedir-se no court e eu também gostava de o fazer, claro. Mas não penso isso. Quando se começa a pensar nisso quer dizer que algo não está a funcionar e agora a minha cabeça ainda me diz que quero continuar.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt