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João Sousa: «O ano passado fiz 22 controlos anti-doping»
“Parabéns, campeão! Estamos à espera de um ano ainda melhor!”. Estas palavras eram ouvidas e agradecidas por João Sousa, número um português e 33.º colocado ATP, enquanto caminhava em jeito de visita guiada ao jornal “A Bola” pela sua terra natal: Guimarães. Uma cidade que viu nascer um pequeno vimaranense, mas que rapidamente se transformou num dos melhores tenistas do Mundo.
“Era e é um menino humilde. Tinha cinco anos e andava a bater bolas por aqui”, confessou uma das funcionárias do Clube de Ténis de Guimarães, onde Sousa treinou até decidir, aos 15 anos, seguir até Barcelona para abraçar o mundo profissional. “Os adultos ficavam na esplanada na conversa. Ele tinha quatro anos ou cinco e ia buscar a minha raquete”, relatou o pai de João, Armando, que, ao lado da esposa Adelaide, também desfrutou da viagem.
“Depois entretinha-se a bater a bola com ritmo. Quando a bola ia por ali abaixo começava a choramingar ‘Oh papá, a bola foi lá para baixo’. Já tinha jeito e uma coordenação motora impressionante para um menino. Com o pé esquerdo era a mesma coisa. Era rechonchudo, arqueado e os bracinhos pareciam umas roscas… Andava sempre com uma bolinha de ténis, era uma fixação”, admitiu Marinho, enquanto avistava a beleza da cidade.
«O ano passado fiz 22 controlos anti-doping»
A carreira de João Sousa é igualmente pautada por episódios mais complicados… fora do court. O recente campeão de Valência tem de passar por vários momentos de testes anti-doping e, só em 2014, contabilizou um total de… 22. “Uma coisa exageradíssima. A escolha é aleatória, mas realmente foram muitas as vezes que fui testado. Este ano fui muitas vezes controlado, mas mais no início do ano”, disse Sousa, antes de revelar como funciona todo o sistema.
“Tenho um programa no telefone, o ADAMS, no qual comunico todos os dias onde estou e a que horas me podem fazer o controlo. Normalmente marco de manhã, das sete às oito, pois é uma hora em que vou estar em casa. E já sei que a campainha pode tocar a qualquer momento nesse período. Não me posso queixar. É para o bem do desporto e do ténis”, admitiu.
«Alguém sabe quem eu sou, como me chamo?»
Antes de regressar a Barcelona para dar início à pré-temporada de 2016, Sousa esteve de férias em Cabo Verde e teve a oportunidade de brindar as crianças locais com a sua presença e o seu ténis. “Uns conheciam-me, outros não. Antes de começar a palestra perguntei: ‘Alguém sabe quem eu sou, como me chamo?’. E foi muito engraçado porque um dos miúdos, mais afoito, respondeu logo… ‘Sim, eu sei. Chamas-te Millennium!’ Começámos a rir, porque associou o meu nome à publicidade do banco”, disse, relembrando aquele “dia que ficou no coração”.
“É um país bastante pobre, levei algumas lembranças para os miúdos. Foi excelente poder interagir com eles, dar-lhes a conhecer o que é ser um tenista profissional. Foi um dia feliz para eles. Não paravam de me perguntar se voltava no dia seguinte. Descansei e até recuperei uns quilitos”, confessou o português, que, entre 13 e 20 de dezembro, desloca-se até Maiorca para treinar com Rafael Nadal.
«Dizem que é arrogante, mas foi 10 estrelas»
Mas se falamos em Rafael Nadal, podemos também falar de José Mourinho, um dos melhores treinadores do Mundo. “O Mourinho contou-me que tinha feito uma visita guiada a Wimbledon e que, quando entrou no museu, sentiu-se um privilegiado por estar ali. É uma das pessoas que mais gostei de conhecer. Estivemos juntos cerca de hora e meia e falámos sobre muita coisa. Dizem que é arrogante, mas foi 10 estrelas!”, relatou o jovem de 26 anos.
«Em Kuala Lumpur havia suspeita de ataques»
São algumas as cidades que têm ficado sob alerta devido aos atentados terroristas que abalaram por completo a cidade de Paris, a 13 de novembro, e João Sousa não ficou indiferente. “Os ataques em Paris deixaram-me consternado. Sinto pelas vítimas, mas muito pelas famílias, que se tornam vítimas, pois ficam cá a sofrer. Mas defendo que há que lutar”, refletiu, admitindo que não é daqueles jogadores que gostam de visitar as cidades onde competem.
“Quando estou num torneio, foco-me nas rotinas e praticamente vou do hotel para o clube e do clube para o hotel. Se perder cedo, posso ir lá visitar alguma coisa, mas é raro. Este ano, em Kuala Lumpur, havia suspeita de ataques e nem dei conta. Nunca tive nenhum temor”, comentou.
João Sousa, que terminou a época de 2015 com o seu segundo título da carreira em Valência, declarou ainda que “os Jogos Olímpicos são um dos objetivos prioritários para 2016” e que… acredita na reencarnação. “Acredito que já cá estive. Poucas vezes, no meu caso, mas não tenho dúvidas de que o meu pai está nas vidas mais avançadas, tal como o Frederico Marques”, afirmou, referindo-se ao seu treinador, com quem espera continuar a obter os melhores resultados possíveis.
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