João Sousa admite dores constantes e desabafa: “Vou avaliar se vale a pena continuar o esforço, a motivação é pouca”
João Sousa, o melhor tenista português de todos os tempos, terminou esta quinta-feira, aos 34 anos, uma das temporadas mais duras da sua vida, ao cair na segunda ronda do Maia Open, Challenger 100 no qual decidiu acabar o seu ano. Em conferência de imprensa, o vimaranense abriu o livro sobre a forma como se sente, sem garantir que vá voltar a competir em 2024. Muito por culpa dos problemas físicos que continua a sentir.
PROBLEMAS FÍSICOS TÊM-SE FEITO SENTIR NOVAMENTE NAS ÚLTIMAS SEMANAS
“Volto a não estar bem fisicamente e isso ao mais alto nível nota-se bastante, porque dependo muito disso para impor o meu ténis. Continuo a ter dores nas costas que me impossibilitam de movimentar nas melhores condições e por muitos anti-inflamatórios que tome é difícil de gerir e aceitar. É difícil ter motivação. Mas é o que é. O ténis é assim. Um desporto de aceitação. Apesar das minhas dificuldades físicas acho que fiz um bom encontro”.
AUSTRÁLIA FOI OBJETIVO NAS ÚLTIMAS SEMANAS
“No último mês percebi que podia fazer sentido ter esse objetivo na minha cabeça, porque são os torneios a que estou habituado e que quero jogar e porque sem ter um objetivo na cabeça é mais difícil. Acreditei que pudesse ir lá jogar, digamos, uma última vez, mas não consegui. Fui ao Canadá com esse objetivo e perdi dois encontros muito duros. No segundo torneio perdi um encontro em que já estava bastante lesionado [quartos-de-final em Drummondville diante de Li Tu]”.
FUTURO É INCERTO MAS A DAVIS É A ÚNICA MOTIVAÇÃO ASSUMIDA
“Vou ter de me sentar e perceber se vale a pena continuar a fazer esse esforço ou se existe outra solução para a lesão. Em breve direi algo mais concreto, mas neste momento a motivação é pouca. A única que tenho é mesmo tentar ajudar Portugal a chegar à fase final da Taça Davis, porque em termos de ranking estou numa posição em que preciso de jogar o qualifying de torneios Challenger e, para um atleta que jogou sempre torneios ATP e Grand Slams, como devem entender não é aquilo a que eu aspiro. Acho que a última vez que tive neste ranking, que nem sem bem qual é neste momento [é 257.º] foi em 2010.”
LIGAÇÃO A FREDERICO MARQUES, QUE NÃO O TEM ACOMPANHADO
“Temos uma relação pessoal e profissional muito longa e continua a ser o meu treinador, apesar de neste momento eu ter optado por dar alguma distância porque acreditei que era fundamental para os dois. Não só pela parte profissional, mas também pela parte pessoal, pois são muitos anos juntos. Mas o Frederico é uma pessoa que está presente, ajudou-me sempre imenso na minha carreira e tem um mérito incrível. É um treinador extraordinário e uma mais-valia para o ténis nacional. Continuamos a falar quase todos os dias, mas não tem estado tão presente no campo e na competição como esteve nos últimos 12 anos.”
FUTURO DEPOIS DO TÉNIS… SERÁ TREINADOR?
“Para já não me vejo como treinador. Foram muitos anos de alta competição e o ténis é muito exigente a nível mental, mais do que fisicamente. Não há descanso. Não há semanas grátis. Não há semanas em que a motivação pode ir abaixo. É muito exigente. Física e mentalmente. Mereço um descanso desse foco por uns tempos. Depois sim, acredito que estarei ligado ao ténis, mas ainda não sei em que papel. Posso ser uma mais valia para o ténis nacional”.