Gastão Elias: «O meu objetivo principal nunca foi superar os portugueses no 'ranking'»
Gastão Elias, número dois nacional e 62.º do ranking, tem somado derrotas precoces em torneios disputados sobre superfície rápida, depois de uma época de terra batida de sonho, em que conquistou as suas primeiras meias-finais ATP da carreira em Bastad e Umag. No entanto, apesar de a transição para o piso duro não ter sido a melhor, o português admite não estar preocupado com o facto de os bons resultados ainda não terem surgido.
“Estou cada vez melhor, sinto-me cada vez mais dentro de água a jogar em piso rápido. É uma questão de tempo. Os resultados vão aparecer”, começou por dizer o jogador de 25 anos à agência Lusa, antes de se debruçar sobre o seu passado.
“Durante anos joguei em piso rápido, nos Estados Unidos, e essa era a minha superfície favorita e onde jogava melhor. Depois fui para o Brasil e durante anos só joguei em terra batida. Acredito que não estaria onde estou hoje se não fosse todo o trabalho que fiz em terra batida, porque desenvolveu vários aspetos do meu jogo que precisavam de ser desenvolvidos e que foram muito importantes para a minha subida”, sublinhou Elias.
O jogador português, que tem estado a treinar no Centro de Alto Rendimento do Jamor, confessou também estar a fazer “ajustes”no seu jogo. “Dou por mim a jogar um passo ou dois mais recuado, que é o habitual em terra batida”, admitiu Elias, que nas últimas semanas tem sido acompanhado por Pedro Cordeiro, ex-selecionador nacional tanto na Taça Davis como na Fed Cup.
“Estava a jogar há muito tempo em terra batida e no pó de tijolo sinto-me totalmente confortável a jogar a este nível, como já demonstrei em vários torneios. Em piso rápido, os jogadores são os mesmos, por isso, em relação à confiança, não vejo que seja um grande problema, porque jogo com eles de igual para igual e acredito que posso ganhar”, rematou Gastão, que este ano também atingiu o seu melhor ranking de sempre em agosto, o 60.º posto, ficando a apenas uma posição da melhor classificação do já retirado Rui Machado (59.º).
“Tenho muita confiança com o Rui e já lhe disse várias vezes: ‘Ai Rui, estás tão perto’. Mas nem penso nisso. Seria mais uma etapa na minha carreira, mas não é o meu objetivo principal, nem nunca foi. O meu objetivo principal nunca foi superar os portugueses no ‘ranking'”, esclareceu o terceiro melhor jogador português de sempre na tabela. O primeiro? João Sousa, que tem como melhor posto o 28.º lugar ATP.
“É alcançável. Eu acho. É muito difícil, claro, mas acredito que tenho potencial. Se formos analisar as coisas que faço, as minhas qualidades técnicas e físicas, acho que sou um jogador bastante completo. No entanto, posso fazer tudo certo e não chegar lá”, assegurou Elias, radicado na Florida mas nascido na Lourinhã.
“Às vezes penso como é que um país como o nosso, tão pequenino, com tão pouca tradição no ténis, tem dois jogadores no ‘top 100’. Há aí países fortíssimos, com tradição, que não têm duas pessoas no ‘top 100′”, concluiu Gastão Elias, que tem como próximo desafio o evento ATP 250 de Estocolmo, na Suécia, a realizar-se entre 17 e 23 de outubro.