Frederico Marques sonhou e a sua Academia já nasceu em Lisboa: e promete continuar a crescer

Frederico Marques sonhou e a sua Academia já nasceu em Lisboa: e promete continuar a crescer

Por José Morgado - dezembro 18, 2024
FOTOS: Miguel Reis/Bola Amarela

Quando Frederico Marques viajou há quase duas décadas para Barcelona com o objetivo de se tornar profissional de ténis, estaria muito longe de imaginar o rumo que essa viagem iria tomar. Ao longo dos últimos 19 anos, o sonho de ser jogador transformou-se posteriormente no sucesso de liderar um projeto técnico que ajudou a tornar João Sousa no melhor tenista português de todos os tempos.

Terminado o ciclo com o vimaranense, as hipóteses para Frederico Marques eram muitas mas a vontade de fazer a diferença no seu país acabou por prevalecer. Ao longo do último ano, o técnico transformou o Clube de Ténis das Olaias, no coração de Lisboa, e construiu a sua Frederico Marques Tennis Academy, um projeto que está a ganhar dimensão e que promete fazer a diferença no ténis nacional ao longo dos próximos anos.

O clube conta neste momento com cinco courts de piso rápido, dois de terra batida, um ginásio preparado para a alta-competição, sala de reuniões, refeitório e balneários. O técnico conta na sua estrutura com 14 funcionários, entre treinadores, preparadores físicos, fisioterapeutas, pessoal de manutenção, psicólogos e encordoadores, tendo já nesta fase 18 jogadores de competição e um total de 150 alunos de todas as idades, cerca do triplo daquilo que o clube tinha quando Marques chegou às Olaias no final de 2023.

Frederico Marques

 

“Sempre gostei de trabalhar com jogadores mais jovens. Apesar de estar com o João e de ir trabalhando com outros jogadores, sempre gostei de ajudar tenistas mais novos. Fui há 19 anos embora como jogador, passei para treinador na Academia BTT e sempre fui muito fiel aquele projeto. Com o decorrer do final da carreira do João, alguns dos miúdos com quem fui trabalhando foram-me perguntando qual era o meu próximo passo, se teria mais disponibilidade e surgiu a possibilidade de abrir um projeto aqui em Portugal em vez de estar a enviar para Espanha. A empresa com quem eu trabalhava em Espanha até queria que eu entrasse como sócio, mas a mim não me fazia sentido fazer lá fora aquilo que poderia fazer em Portugal. Tanto eu como o João sempre fomos muito agarrados em Portugal e a mim sempre me pareceu que em Portugal falta uma academia deste género ao estilo espanhol. Um sítio onde existe tudo”, confessou-nos Marques, lembrando que na região de Lisboa não há nada parecido com aquilo que neste momento se encontra nas Olaias. “Há clubes com bons ginásios mas que não têm todas as superfícies. Outros com muitos courts e que têm maus ginásios ou balneários. Aqui temos tudo. E a dinâmica foi-se construindo com base naquilo que aprendi na BTT”.

O investimento foi todo pessoal. “Não quis investidores. Avancei sozinho, com a minha esposa. Tem sido mais difícil do que eu pensava. Existem timings. Nas primeiras seis semanas em Portugal esteve sempre a chover e eu não estava habituado a isso, a não ter courts cobertos, a condições que eram totalmente distintas daquelas que tenho agora. Comecei por encontrar pessoas para fazer e refazer os campos. Algumas delas já os tinham feito de origem. Custou mais do que eu pensei e mesmo do ponto de vista financeiro eu fui tendo de ir fazer aos poucos. Comprar com a pele do cão, fui fazendo com aquilo que fui ganhando com os meus atletas e com o dinheiro que tinha.”

Pedro Araújo, João Domingues, Diogo Marques, Gonçalo Marques e João Graça foram alguns dos tenistas a integrar o projeto de Frederico Marques ao longo dos últimos meses, sendo que no caso de Araújo e Diogo Marques os resultados foram de grande nível, com os dois a fazerem as melhores épocas das suas vidas.

Pedro Araújo

 

Com currículo que dispensa apresentações, não surpreende que Marques tenha conseguido formar um bom grupo de competição em pouco tempo. “Foi um pouco passa palavra. Alguns foram sabendo que eu estava a terminar com o João Sousa, ainda que eu tenha começado este projeto quando ainda estava com ele. Os primeiros a entrar foram o João Domingues e o Pedro Araújo. O João entrou pela relação de alguns anos que já tínhamos. Sempre tentei ajudá-lo e senti que ele não estava numa boa fase e que ele precisava da minha ajuda. E Pedro também não estava num momento bom e senti a necessidade de o ajudar. Tanto um como outro tinham muito potencial e estavam longe daquilo que podiam alcançar em termos de ranking. Foram os dois primeiros pilares para criar um grupo competitivo. Em Espanha foi outra das coisas que aprendi: criar um grupo homogéneo para haver competição entre eles e todos puderem evoluir”.

Marques não fecha à porta à possibilidade de voltar a viajar mais frequentemente pelo circuito. Tudo depende dos seus jogadores… “Tudo depende do projeto. Neste momento estou a consolidá-lo. Estou a formar uma equipa que permita ajudar a que os jogadores cresçam. Coloquei os meus preparadores físicos em contacto com alguns que conheci ao longo dos anos no circuito. Recolho constantemente opiniões de outros treinadores sobre aspetos técnicos dos meus jogadores. Já enviei vídeos do serviço do Pedro Araújo para o Gunther Bresnik e para o Riccardo Piatti e ouvi o que me tinham a dizer em relação a isso. É fundamental passar toda essa informação e ajudar ao máximo a que os jogadores cresçam. Neste momento estamos nesse projeto. No futuro… tudo depende dos meus atletas. Não tenho um limite. Neste momento o objetivo é fazê-los melhorar, mas obviamente que se algum deles for para voos mais altos é óbvio que os vou acompanhar mais no circuito”.

Os courts de terra batida

Ginásio

Balneários

Sala de reuniões

 

Pedro Araújo

Pedro Araújo

João Graça

Pedro Araújo

Pedro Araújo

João Graça, Frederico Marques e José Morgado

Frederico Marques à conversa com o Bola Amarela

Jogadores, treinador e preparador físico no ginásio

Zona de encordoação

Refeitório

Pedro Araújo nos courts de piso rápido

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com