Fenómeno Karatsev tem sotaque português: Luís Lopes é parte da receita

Fenómeno Karatsev tem sotaque português: Luís Lopes é parte da receita

Por Pedro Gonçalo Pinto - fevereiro 17, 2021
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A história de Aslan Karatsev é algo que está a surpreender tudo e todos no Australian Open. Afinal de contas, falamos de um jogador de 27 anos que nunca tinha jogado o quadro principal de um torneio do Grand Slam, mas que agora se prepara para discutir as meias-finais com… Novak Djokovic. Depois da vitória nos ‘quartos’ frente a Grigor Dimitrov, o russo fez questão de falar num português quando contava como tem sido a sua vida. Quem é ele? Apresentamos Luís Lopes, preparador físico que tem sido chave na evolução de Karatsev.

“Conheci o Aslan em dezembro de 2019 quando veio a Doha disputar torneios da categoria Future. Ele estava à procura de algum apoio na parte da preparação física, fizemos algumas sessões presenciais durante a sua estadia aqui que correram muito bem e ele quis manter a nossa cooperação à distância. É um modelo que já venho usando há vários anos com o Frederico Silva. Desde então temos feito alguns ajustes ao modelo segundo o qual temos trabalhado e atualmente treinamos diariamente online e de acordo com as necessidades do Aslan no momento”, contou-nos o preparador físico, Head Fitness Coach da federação do Qatar, função a que junta o trabalho com a equipa da Taça Davis, bem como com os jogadores sub-16 e sub-18.

Naturalmente entusiasmado com os resultados que Karatsev está a alcançar em Melbourne, Luís Lopes fala “num atleta com muito potencial que tem demonstrado um enorme empenho e força de vontade nestes últimos meses”. Mas surge logo uma questão que certamente também está a colocar desse lado. Como é que o português está no Qatar e trabalha com um tenista que vai andando pelo mundo? Luís explica!

“Temos sessões online diariamente. O Aslan está obviamente contente com a sua performance e com os resultados que tem alcançado, no entanto, tem procurado focar-se no seu jogo, preparar-se da melhor forma possível, a todos os níveis, e concentrar-se ao máximo apenas no momento que está a viver e no próximo desafio. O trabalho tem corrido muito bem com o Aslan. Treinamos diariamente através de vídeo-chamada. O trabalho online tem-no ajudado a manter-se em forma e focado durante períodos sem competição e com bastantes restrições e temos também conseguido trabalhar as áreas em que tem maiores necessidades. Atualmente faço um acompanhamento muito próximo com o Aslan, que não sendo presencial, tem funcionado bastante bem e mostrado evolução”detalha.

De olhos postos em Djokovic

A lutar por um lugar na final do Australian Open, Aslan Karatsev tem agora de defrontar Novak Djokovic. No entanto, para Luís Lopes, nada muda na forma de olhar para o encontro. “Iremos preparar esse encontro da mesma forma que temos vindo a preparar todos os jogos até aqui. Trabalhámos depois do seu encontro e continuaremos a trabalhar na sua recuperação física. Nos dias de jogo temos sempre uma primeira sessão no ginásio por norma 4 horas antes do início do jogo, onde se prepara para ir ao campo fazer o aquecimento específico, e mais próximo do início do jogo – 30 minutos antes -, fazemos uma pré-ativação com alguns exercícios mais dinâmicos e de velocidade. Faremos o mesmo contra o Novak”conta, sempre a mostrar orgulho no russo.

Mas como é que tudo mudou depois da paragem do circuito? É que Karatsev voltou com tudo, atingiu grandes resultados e, agora, já tem a entrada no top 50 garantida. “Não considero que se trate de um clique. Procurou trabalhar em vários aspetos que foram fundamentais para a sua evolução, em cada uma das vertentes do seu jogo. Penso que a sua persistência, força de vontade, empenho e capacidade de trabalho foram determinantes para alcançar estes resultados”sublinha, antes de falar sobre a relação que tem com o russo: “Destaco acima de tudo a boa relação que temos desenvolvido, de confiança e cumplicidade ao longo deste período de trabalho.”

É mesmo caso para dizer que se trata de um Karatsev com sotaque português!

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt