Duas mãos cheias de curiosidades sobre Roland Garros

Duas mãos cheias de curiosidades sobre Roland Garros

Por Susana Costa - junho 2, 2019
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Há quem faça um verdadeiro frete ao jogar sobre ela; os que, por outro lado, contam os dias para a poderem pisar, e há até aqueles que não lhe achando especial graça, encaram-na apenas como mais uma superfície. A terra batida pode não ser um tipo de piso consensual, mas o que é facto é que jamais pode ser ignorada.

Ainda mais quando há um Grand Slam em jogo, e logo disputado numa das maiores e mais afamadas capitais europeias. Todos os olhos vão dar, por esta altura, a Paris e a Roland Garros, o maior torneio do mundo jogado sobre o pó-de-tijolo. Não há volta a dar e, já que assim é, o melhor, então, que saibamos com o que contar.

Sabia, por exemplo, que Stanislas Wawrinka não singrou pela primeira vez no torneio gaulês no ano passado? Ou que a jogadora mais jovem de sempre a conquistar o Grand Slam parisiense tinha apenas 16 anos? Contamos-lhe mais um punhado de curiosidades que talvez não conheça:

 1. Quem foi Roland Garros, afinal?

 

roland-garros .

Curiosamente, alguém pouco dado a ter os pés assentes na terra. Roland Garros foi um aviador que defendeu as cores gauleses durante a Primeira Guerra Mundial e que ficou conhecido por ter sido o primeiro a atravessar o Mar Mediterrâneo.

Dar o seu nome ao torneio foi condição imposta pelo Estado francês, que doou o terreno para o alargamento do complexo, tendo em vista o confronto da Taça Davis contra os EUA, em 1928.


2. “Aberto de França” fechado a estrangeiros

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O “French Open” só se tornou verdadeiramente aberto a todos os jogadores no ano de 1925. O torneio foi realizado pela primeira vez em 1891 exclusivamente para jogadores locais e membros de clubes gauleses, uma política que se estendeu até 1924, altura em que decidiram permitir a participação todos os jogadores amadores, nacionais e estrangeiros no evento.


3. A terra onde os melhores fraquejaram

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Pete Sampras, Stefan Edberg, John McEnroe e outros tantos mais números um do mundo passaram por Paris sem deixarem a sua marca na catedral da terra batida. Sair-se bem durante duas semanas numa superfície muito dada a grandes maratonas nunca foi para todos e a grande maioria continua a não ter estofo para erguer a Taça dos Mosqueteiros. O atual número um mundial, Novak Djokovic, e o próprio Roger Federer muito pó tiveram de levantar antes de singrar na cidade-luz, em 2016 e 2009, respetivamente.


4. Dupla queda de gigantes

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E se Novak Djokovic e Rafael Nadal tivessem sido eliminados na primeira ronda da edição deste ano de Roland Garros? Está a imaginar o drama, certo? Pois bem, corria o ano de 1990 quando o Grand Slam parisiense ficou sem Stefan Edberg e Boris Becker, primeiro e segundo cabeças-de-série, respetivamente, na ronda inaugural. No mesmo dia. Algo não mais visto até então na terra batida gaulesa.


5. E porquê Court Philippe Chatrier?

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O estádio principal de Roland Garros foi batizado de Philippe Chatrier em 2001, em homenagem ao dirigente que havia comandado a Federação Francesa de Ténis e a Federação Internacional. Chatrier faleceu no ano 2000.


6. A campeã com idade para jogar no circuito júnior

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Monica Seles tornou-se na mais jovem campeã de Roland Garros, quando em 1990, apenas com 16 anos, derrotou aquela que viria a ser a sua maior rival, Steffi Graf, em duas partidas. Foi o primeiro de nove Grand Slams que a sérvia naturalizada americana conquistou durante a sua carreira.


7. O miúdo que tirou a taça das mãos do número três do mundo

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Michael Chang tinha 17 anos e três meses quando, em 1989, decidiu que seria boa altura para ganhar um Major e consagrar-se como o jogador mais novo de sempre a fazê-lo em Paris. Na final do evento gaulês encontrou Stefan Edberg, então número três mundial e vencedor de três títulos do Grand Slam. Pouco intimidado e sem se fazer de rogado, acabou por levantar aquela que seria a sua única taça de “Grand” porte, depois de perder os dois primeiros sets.


8. O encontro ATP mais longo de sempre

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Fabrice Santoro e Arnaud Clement protagonizaram o embate mais longo da história do torneio na primeira ronda, em 2004. Os dois jogadores da casa permanecerem em court 6h33 a batalhar pela vitória, que acabou por cair para o lado de Santoro, por 6-4, 6-3, 6-7, 3-6 e 16-14.


9. Encontro WTA mais longo de sempre

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Na variante de saias, foram as francesas Virginie Buisson e Noëlle van Lottum que mais tempo passaram no court a tentar agarrar o triunfo, na primeira ronda da prova em 1995. Buisson venceu por 6-5(7), 7-5, 6-2, depois de 4h07 de jogo. Quanto a finais, Steffi Graf e Arantxa Sanchez-Vicario são as primeiras da lista, quando em 1996 lutaram pelo título durante 3h04. Graf acabou por triunfar por 6-3, 6-7 e 10-8.


10. Salto de campeões

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Vencer Roland Garros não é tarefa fácil, mas há quem o tenha feito não só enquanto profissional, mas também enquanto elemento do circuito júnior. O lote é restrito e podia contar-se pelos dedos de uma mão até à temporada de 2015, porque Stanislas Wawrinka veio aumentar o número de privilegiados para seis, ao levantar a Taça dos Mosqueteiros, 12 anos depois de ter singrado na catedral da terra batida pela primeira vez, então com 18 anos.

A lista completa:

Ken Rosewall – júnior: 1952; sénior: 1953 e 1968
Roy Emerson – júnior: 1954; sénior: 1963 e 1967
Andrés Gimeno – júnior: 1955; sénior: 1972
Ivan Lendl – júnior: 1978; sénior: 1984, 1986, 1987
Mats Wilander – júnior: 1981; sénior: 1982, 1985, 1988
Stan Wawrinka – júnior: 2003; sénior: 2015

Descobriu o que era isto das raquetes apenas na adolescência, mas a química foi tal que a paixão se mantém assolapada até hoje. Pelo meio ficou uma licenciatura em Jornalismo e um Secundário dignamente enriquecido com caderno cujas capas ostentavam recortes de jornais do Lleyton Hewitt. Entretanto, ganhou (algum) juízo, um inexplicável fascínio por esquerdas paralelas a duas mãos e um lugar no Bola Amarela. A escrever por aqui desde dezembro de 2013.