Djokovic reflete: “Quantos na história são capazes de fazer o que fiz?”

Novak Djokovic viveu uma decepção no Australian Open 2024 ao ser eliminado nas semifinais por Jannik Sinner. No entanto, já longe de Melbourne, o número 1 do mundo deu uma entrevista na qual voltou à sua infância e à forma como isso impacta a sua carreira. E, pelo caminho, se orgulha de tudo o que já alcançou.

GUERRAS POR QUE PASSOU NA INFÂNCIA

Passamos por duas guerras, durante quatro anos entre 1992 e 1996. Nenhum atleta sérvio podia ir para o exterior para competir internacionalmente. Foram tempos muito desafiadores. Te endurece e facilmente podia ter sido de outra maneira. Mas acho que foi uma espécie de destino também para jogar tênis e alcançar estes grandes feitos.

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CAPACIDADE DE LUTA VEM DO PASSADO?

Pode ser, sim. Não sei até que ponto, mas sem dúvida que há alguma ligação com a minha educação. Tinha 12 anos quando tivemos bombardeios durante dois meses e meio sem parar dia e noite. Às vezes isso me vem à cabeça quando ouço fogos de artifício. Esse som me faz lembrar bombas e granadas explodindo. Não é muito agradável, ainda há um pouco de trauma. Acho que a resiliência, o espírito de nunca desistir, está relacionado com isso.

PERSONALIDADE DE FERRO

Temos um ditado no nosso país que é o seguinte: ‘você pode matar o nosso corpo mas nunca poderá matar a nossa alma e o nosso espírito’. Acredito mesmo nisso. No fim do dia, quantos tenistas na história são capazes de fazer o que fiz e alcançar o que alcancei? Não digo isto para me elogiar, digo para lembrar a mim mesmo: ‘vê onde você está, vê o que você fez’. Ao mesmo tempo sinto que é um capítulo da minha vida e há mais por vir.

DISTÂNCIA DOS FILHOS

Luto com isso cada vez mais à medida que o tempo passa. A Austrália é uma longa viagem, provavelmente a mais longa do ano. O meu filho tem 9 anos e a minha filha 6. Mudam a cada dia e semana. Caiu o primeiro dente da minha filha e não estive lá para isso, mas ao mesmo tempo trata-se de equilíbrio. Os pais deviam brincar com os filhos o tempo todo. É a minha parte favorita do dia, quando tenho a atenção deles e eles a minha, estamos completamente presentes, brincamos, inventamos coisas. É o melhor.