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Andy, só uma coisa: muito obrigado!
Fica difícil ouvir as palavras de Andy Murray esta sexta-feira, quando anunciou que se vai retirar em breve dos courts, sem pensar que estamos perante o início do fim de uma Era que nos marcou a todos. O denominado ‘Big Four’ vai deixar de o ser em breve e o primeiro a atirar a toalha ao chão é talvez o mais improvável de todos. Não é o mais velho, não é aquele que teve mais lesões nem sequer é aquele que passou por uma crise pessoal e de motivação que o atirou para fora do seu melhor nível.
Andy Murray é mais uma das provas humanas de que é possível ser incrivelmente bom com muito trabalho. O talento sempre esteve lá, desde muito jovem, mas foi a sua inegável capacidade de trabalho, de foco e a dimensão física que foi capaz de dar ao seu ténis que fez do escocês um tenista de exceção.
E depois há outra coisa de valor difícil de calcular: Murray ganhou tudo o que ganhou ao serviço de uma nação de tremenda tradição desportiva (e tenística) mas que não tinha um jogador desde nível há décadas. Durante anos, Murray carregou nos ombros a responsabilidade de quebrar barreiras que os jogadores do Reino Unido não atingiam desde os anos 30 e 40 do século… XX.
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Mas nunca nenhum fardo pareceu demasiado pesado para o tenista Dumblane: nem o jejum britânico em Wimbledon, nem os anos do ‘quase’ de Tim Henman, nem as décadas sem ganhar a Taça Davis, nem mesmo — e acima de tudo — a qualidade dos seus principais rivais — Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, que juntos somam 51 títulos do Grand Slam. Murray nunca se queixou, preferiu aproveitar a qualidade dos rivais para se tornar melhor jogador. E conseguiu. Os números falam por si.
Mas Murray é muito mais do que isso. Despede-se como uma das figuras absolutamente unânimes do ténis mundial. Para os colegas, que se apressaram a elogiá-lo nas horas após o anúncio, para os jornalistas e, muito especificamente, para as jogadoras do circuito feminino, que sempre defendeu. Andy sai de cena como um dos maiores defensores da igualdade de direito e tratamento entre homens e mulheres na modalidade. A contratação de Amélie Mauresmo para a sua técnica já numa fase de maturação da sua carreira foi um ‘statement’ importantíssimo nesse caminho…
Andy Murray vai levar consigo a inteligência de cada troca de bolas, a delicadeza de cada amorti, a astúcia de cada passing shot, o cerrar de dentes de cada ‘come on’. Vai fazer tanta, tanta falta. O ténis vai sobreviver sem ele, mas fica indubitavelmente mais pobre.
Obrigado, Andy.
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