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A prisão, o ténis, Kyrgios e o top-20: Bernard Tomic conta tudo
Quando Bernard Tomic foi detido em Miami, em julho, tinha como companheiro de cela um delinquente que roubava televisões e na cela ao lado um ladrão de matrículas. O que estes dois marginais não sabiam era que o australiano alto e de tronco nu, ao seu lado, sagrar-se-ia campeão de um torneio ATP menos de duas semanas após essas dez horas de detenção.
A foto para a história:
Nem sequer o próprio Tomic imaginava esse triunfo em Bogotá, pois sentiu-se “completamente destruído mentalmente por alguns meses“ na sequência das queixas – posteriormente retiradas – de “resistir à detenção sem violência” e de se recusar a abandonar a sua suite no luxuoso hotel W, em South Beach. Mas, mesmo assim, o n.º 18 do ranking consegue ver o lado humorístico no facto de a sua vitória no torneio da Colômbia o deixar com um recorde perfeito na incomum – possivelmente única – categoria: finais-jogadas-imediatamente-após-estadia-na-prisão.
“Não quero repetir, mas tenho um registo perfeito”, brincou o australiano, aludindo à referida categoria. Tomic foi libertado sobre fiança, batendo Adrian Mannarino na final de Bogotá a 27 de Julho. “É engraçado quando pensas nisto – ires para a prisão e venceres o teu terceiro título logo a seguir é interessante.”, disse.
“Mas claro que foi uma situação estranha. Eu não estava à espera de ser detido. Fiquei confuso por estar lá por nada, por uma situação ridícula que acabou por ser culpa deles.”
Bernard Tomic, que tinha sido afastado por motivos disciplinares da eliminatória dos quartos-de-final da Austrália frente ao Cazaquistão, foi com amigos (inclusivamente com o rapper Flo Rida, de quem Tomic se orgulha de ser amigo) para a sua penthouse para continuar a festa quando se registaram algumas queixas quanto ao ruído. A polícia apareceu e bateu à porta. Várias vezes.
Diga-se que Tomic é useiro e vezeiro em problemas com a autoridade. São públicos os seus excessos com carros de alta cilindrada na Austrália. Sem esquecer o incidente em 2012 num rooftop dum apartamento, em que chegou a vias de facto com um “amigo”.
“Aprendi uma coisa: não podes tentar negociar com a polícia nos Estados Unidos. Na Austrália, são simpáticos e falam contigo e ouvem-te. Aqui não. Eu comecei por dizer: «Não, não tenho que sair do meu quarto de hotel.» Depois, prendem-me. Eles têm esse poder claro.”
“Foi bom que tenha ficado provado que eu estava inocente. Mas com a imprensa não foi fácil. Este pequeno incidente cria problemas e má imprensa para ti, e, no fundo, por nada. Foi a coisa mais bizarra que me aconteceu, ser detido por responder a um polícia”, continuou Tomic.
“Na prisão, as condições são o que vês na televisão”, lamentou o australiano, “fui tratado como um criminoso por ouvir música alto.”
O bad boy dos bad boys?
Bernard Tomic não é de facto uma pessoa convencional. Está constantemente nas bocas do mundo por agir impulsivamente e pelas polémicas em que tem estado envolvido. Ainda este ano criticou fortemente Craig Tiley e Steve Healy, responsáveis máximos do ténis australiano, e também Pat Cash, glória do ténis da Austrália, queixando-se de falta de apoio e de respeito.
Foi até por essas críticas que foi afastado da eliminatória da Davis Cup contra o Cazaquistão, servindo esse afastamento de alerta para Tomic de que a paciência se estava a esgotar em relação ao seu comportamento errático.
Apesar de todas estas polémicas, Tomic alcançou este ano o seu melhor ranking de sempre (18º) após a sua melhor época desde que se profissionalizou. Ele que era sempre considerado como alguém que só era temível ou em solo australiano, ou a jogar sobre relva. Acaba a época com um registo de 40-27 tendo alcançado os quartos-de-final de torneios ATP por sete vezes.
É preciso lembrar que em 2014 este tenista foi operado à anca e que em 2015, subiu de 56.º para 18.º do ranking o que até lhe valeu uma nomeação do ATP’s Most Improved Player of 2015, isto é, jogador do circuito que evoluiu mais durante o ano. Acabou por perder este prémio para o sul-coreano Hyeon Chung.
O polémico Tomic insiste que está a trabalhar melhor. O próprio Novak Djokovic teceu recentemente elogios ao australiano apesar de achar que tudo vai depender do seu nível de compromisso com o ténis.
Quando se fala de Bernard Tomic, há outro jogador que vem ao pensamento: sim, é mesmo esse, o inimitável Nick Kyrgios. As semelhanças entre os dois são notórias. Desde a fisionomia – altos, com bom serviço e brutal pancada direita – à postura relaxada em court, passando pelas polémicas extra-ténis. Não é por isso surpresa que se dêem tão bem.
“Jogámos FIFA juntos, entre outros jogos. Não é só ténis com ele. É bom.” disse Tomic, “Na Austrália, estamos a pensar em comprar cada um, um carro. Provavelmente vamos comprar o mesmo modelo. Será um carro caro mas ainda não temos a certeza. Sou uma pessoa fora do comum e sinto que no ténis posso fazer as coisas de forma diferente. Isso é das coisas que gosto no ténis.”
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