A honestidade de Federer: “Não tenho saudades do tênis, me sinto aliviado”

Já faz um ano e meio desde que Roger Federer se aposentou da modalidade na Laver Cup, após momentos e imagens que ficarão na história do esporte. E passado esse tempo, o suíço concedeu uma longa entrevista à GQ e foi claro ao ser questionado sobre as saudades que sente de competir no mais alto nível.

MOMENTO DE PAZ

Me sinto muito aliviado, se é que isso faz sentido. Os últimos anos, com o meu joelho, foram muito difíceis. Podia sentir que o fim estava próximo. Quando tudo isso terminou, quando dei esse passo e me aposentei oficialmente, respirei fundo e pensei: ‘Uau, fiz bem’. Naquele momento, sofria porque sabia que ia ser muito difícil, tanto no momento da minha aposentadoria em Londres quanto em tudo o que precedia. Mais adiante, você tem flashbacks quando assiste ao resumo ou quando as pessoas te perguntam como você se sentia naquele momento.

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TEM SAUDADES DO TÊNIS?

Não sinto saudades do tênis, na verdade. Fazem-me essa pergunta muitas vezes e a verdade é que não. Sinto-me em paz. Acredito que se deve ao fato de ser consciente de que meu joelho, meu corpo e minha mente não me permitiam estar ali. Sinto que dei tudo pela minha carreira. Tentei tudo. Estou em paz. Amo jogar tênis com meus filhos. Recentemente, reservei uma quadra de tênis com minha esposa pela primeira vez na minha vida. Foi há um mês, jogamos ao lado dos nossos filhos, que estavam tendo aulas, e foi incrível. Amo jogar tênis e sempre pensei no momento em que voltaria a uma quadra sem ter em mente o que preciso melhorar.

FINAL DE CARREIRA QUE DESEJOU

Foi ainda melhor. Sempre me assustou pensar nesse momento em que o jogo acaba, cumprimentas a rede, teu rival vai embora ou fica, e tu ficas com o microfone, sozinho, com alguns amigos na arquibancada, depois de um torneio em que ninguém sabe se você perde na primeira rodada ou na final, então, nem todos podem estar lá. Você fala e pronto, acabou, que venha o próximo jogo e o show continua. Sempre tive medo de ficar sozinho em quadra. O que sempre quis foi estar com um grupo, em equipe, rodeado das pessoas mais próximas. Naquela sexta à noite, pude dizer: ‘Vou jogar e todos podem vir me ver’. Continuava fazendo parte de uma equipe.