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João Sousa: O passado bem presente
João Sousa é hoje considerado um dos melhores tenistas da atualidade, mas foi em Guimarães que a paixão eterna pelas raquetes começou. Nascido na “Cidade Berço” há 25 anos, o número um português mostra desde muito cedo o espírito competitivo que vinca de forma clara as suas exibições e aos cinco anos de idade já perseguia os passos do seu pai até ao clube local.
“Já com essa idade [cinco anos] o víamos bater contra umas escadas com a raquete do pai, que era maior do que ele. Já era muito coordenado, não falhava uma bola e foi com alguma naturalidade que convencemos o pai a metê-lo na escola do clube. Desde miúdo que era muito talentoso, disciplinado, apaixonado por ténis, gostava de aprender, era muito perfecionista e inteligente, muito exigente. Dava gosto treinar com ele, era engraçado vê-lo discutir a bola fora sem se deixar levar com apenas oito anos, com miúdos de 14 e 15 anos. Já tinha uma personalidade bem vincada”, confessou Luís Miguel Coutinho, primeiro treinador de João Sousa.
Atualmente de regresso ao top 50 mundial, fruto de ter alcançado pela primeira vez na sua carreira a terceira ronda do Open da Austrália, Sousa sempre construiu bases sólidas para um futuro risonho no mundo da competição: “O João, desde miúdo, alicerçou a sua carreira, sempre com os pés assentes no chão, sempre se preocupou em elevar o seu nível, sem queimar etapas, pautando sempre os seus objetivos por melhorar. Com muita dedicação e sacrifício o sucesso acabou por acontecer”, reforçou o antigo técnico do vimaranense.
“Quer nos aspetos técnicos, quer nos aspetos táticos e mentais do seu jogo sempre nos preocupámos em elevar o seu nível, que pudesse estar entre os melhores, e jogasse em todas as superfícies, por isso quando era juvenil dominava bem todas as pancadas e todas as áreas do campo”, acrescentou Coutinho, que ainda hoje acompanha bem de perto o sucesso de Sousa no circuito profissional. “Hoje é com alegria que o vejo jogar bem em terra, em pisos rápidos e ser também um jogador excecional em pares. Jogar o ano passado só torneios ATP deu-lhe experiência, daí eu estar confiante que, sem lesões, possa fazer outra grande época”, concluiu.
Histórias marcantes
Quando relembramos o início de uma carreira temos de naturalmente recordar o passado. João Sousa, que aos 15 anos optou por começar a treinar na Academia de Ténis de Barcelona, em Espanha, viveu uma infância recheada de torneios juvenis e muitas são as histórias que ficam na memória de quem o acompanhou. Luís Miguel Coutinho explica.
“Tinha o João 10 anos e, num torneio no Clube de Ténis da Foz, num torneio sub-12, eu e o pai ao entrarmos no clube vimos o João sentado no banco a abanar a cabeça com a toalha por cima dele, em sinal de desagrado, pensando nós que estaria a perder. Ao perguntarmos o resultado a um miúdo, o João tinha ganho o primeiro set por 6-0, mas não estava satisfeito com o seu jogo….era perfecionista, por isso, o seu temperamento irreverente”.
“O João tinha 12 anos e na segunda ronda do torneio sub-14, do Internacional da Maia nível 1, defrontava um jogador espanhol que era dois anos mais velho e com o dobro do seu tamanho. Seria um encontro entre David e Golias, tal a diferença. Feito o aquecimento, lá nos dirigimos ao court central e, qual o nosso espanto, num dos topos estava um ‘camera man’ com a sua máquina de filmar profissional. O jogo começa com o João, como era seu timbre, a ‘metralhar’ quer de direita, quer de esquerda,e o ‘Golias’ espanhol sem saber o que fazer, surpreendido e a virar-se lá para cima, para o ‘camera man’. Passados cerca de 15 minutos com o resultado em 3-0 a favor do João, vimos o ‘camera man’ descer os degraus rapidamente e assim não houve mais filmagens para ninguém…”.
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