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Ana Catarina Nogueira: «Não tenho de pedir para ser convocada»
Contra fatos não há argumentos. Ana Catarina Nogueira é a melhor jogadora de padel portuguesa da atualidade. Não há, entre homens e senhoras, quem apresente resultados ao nível da jogadora, de 38 anos, natural do Porto.
Apesar de figurar na 26ª posição do “ranking” do World Padel Tour (WPT), circuito disputado pelos melhores jogadores do mundo, e de ostentar cinco títulos de campeã nacional, “Nogui” não foi, contudo, eleita para representar Portugal na XIII edição do World Padel Championshis. E este também é um fato, mas, neste caso, com vários argumentos.
Ana Catarina Nogueira não considerou justa a opção do Selecionador Juan Manuel Rodriguez e vários adeptos da modalidade manifestaram a sua incompreensão e descontentamento nas redes sociais, gerando uma espécie de debate público sobre a ausência da jogadora da equipa portuguesa. De tal forma que o treinador argentino considerou, por bem, explicar os motivos que o levaram a tomar tal decisão, emitindo para tal um comunicado em que, além de lamentar ter sido colocada “em causa” a sua “reputação profissional e pessoal”, garante não ter sido posto “em dúvida o valor desportivo das atletas em causa”, mas “em qualquer Seleção Nacional de qualquer desporto existem critérios e regras que têm de ser cumpridos por todos”.
Mediante a apresentação dos fatos avançados pelo Selecionador, o Bola Amarela abordou Ana Catarina Nogueira para recolher um comentário sobre os critérios que a deixaram de fora do Mundial, que vai decorrer entre os dias 14 e 19 de novembro na Quinta da Marinha Rackets Pro, e perceber quais são os seus planos a curto/médio-prazo. E, na próxima época, “Nogui” pretende realizar um sonho e colocar a bandeira nacional num lote muito restrito de jogadores.
O Campeonato do Mundo está aí à porta e a Seleção Nacional não vai contar com o seu contributo. Vamos falar um pouco sobre esse assunto?
Pode ser, mas é um assunto que já me incomoda um bocadinho…
Já deve estar a par do comunicado emitido pelo Selecionador sobre os motivos que o levaram a tomar tal decisão. Quer comentar?
Os argumentos apresentados, na minha opinião, não são válidos e colocam em causa, de certa forma, a minha conduta, quer como pessoa quer como jogadora. Não considero que seja válido recorrer a dados de 2014 e 2015 para argumentar uma não convocatória para um Mundial de 2016. Além disso, algumas das justificações apresentadas nem desportivas são, como o facto de não ter comparecido num jantar organizado pela Federação Portuguesa de Padel (FPP). O Selecionador entrou em funções a meados de 2015 e, no entanto, evoca fatores de 2014, quando nessa altura, tal como em 2015, era à Federação Portuguesa de Ténis a quem cabia a responsabilidade de fazer convocatórias para os Campeonatos da Europa e Mundiais. Só mais um exemplo, colocam ainda em causa uma lesão grave, contraída no cotovelo, que me fez jogar com limitações durante um ano inteiro. Não treinava, só jogava e à base de anti-inflamatórios. Nesse comunicado, falam em alegada lesão.
Sente-se injustiçada?
Sinto-me injustiçada e acho que com razão. Uma jogadora como, campeã nacional 5 vezes e a melhor jogadora portuguesa no “ranking” do WPT (26ª) – posição que nenhum jogador português, mulher ou homem sequer conseguiu aproximar-se -, ficar fora da Seleção, dá-me o direito de me sentir um pouco injustiçada.
Um dos argumentos apresentados no comunicado, e essencial para uma convocatória para representar Portugal, prende-se com a filiação na FPP…
Este ano só renovei a licença em setembro, porque ia jogar um torneio de preparação e o Campeonato Nacional. Como não joguei nenhum outro torneio, em Portugal, não tratei da renovação antes. Mas sou filiada na FPP desde 2014. Se houvesse mesmo interesse, bastava um telefonema da parte da FPP a alertar para a falta de atualização da licença.
Nesse caso, que justificação encontra para não ter sido convocada para a Seleção Nacional?
Sinceramente não sei. Se os meus resultados não são válidos, não entendo o papel da FPP.
Contactou a FPP para tentar perceber ou esclarecer a situação?
Em julho o Selecionador enviou-me uma mensagem por WhatsApp, primeiro e único contacto que tive da Federação, a perguntar se estaria interessada e disponível para jogar o Mundial. Perante a minha resposta afirmativa, na sequência dessa mesma mensagem, foi-me dito para enviar então um email ou telefonar para a Federação a manifestar o meu interesse e perguntar o que era necessário fazer para ser convocada. Ora, eu não concordei, porque primeiro desconhecia que outra jogadora tivesse de fazer o mesmo e depois porque tenho apresentado resultados e não tenho de pedir para ser convocada e representar Portugal.
Embora não faça parte da equipa, vai apoiar Portugal no Mundial?
O Mundial é em Cascais. Se fosse relativamente perto de onde vivo e trabalho, no Porto, talvez fosse assistir. Mas tenho de trabalhar e provavelmente vou aproveitar essa semana para jogar um torneio em Espanha.
Qual é o seu calendário competitivo até ao final da temporada?
Vou jogar os últimos dois torneios do WPT, nos quais tenho entrada direta no quadro principal, e algumas provas do circuito catalão. Vou tentar terminar a época no top-20, o que não vai ser fácil porque só faltam dois torneios, mas vou tentar e dar o máximo.
Planos para o próximo ano, já estão delineados?
A minha intenção é continuar a dedicar-me ao WPT, o circuito de referência mundial, onde tenho possibilidade de evoluir e melhorar o meu jogo. Para isso, implica ter apoios e patrocínios, vamos ver como corre. Mas, se quiser continuar a evoluir tenho de dar prioridade ao WPT.
Qual é o seu “ranking” de sonho?
É o top-10, o que me permitiria entrar no Masters de final de ano. Mas tudo depende das parcerias que consiga fazer e, neste momento, ainda não tenho isso definido. Ainda assim, é um objetivo que tenho para a próxima época.
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