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Entrevista ao Presidente da FPP em Miami: feito histórico contado na primeira pessoa
A testemunhar o feito histórico desta quarta-feira, da autoria de Diogo Rocha no Miami Padel Masters, esteve Ricardo Oliveira, presidente da Federação Portuguesa de Padel. E, após a vitória inédita de um português no quadro principal de um torneio de categoria Masters do World Padel Tour (WPT), o líder federativo contou ao Bola Amarela como conseguiu a dupla luso-espanhola garantir a qualificação para os oitavos de final diante Adrián Blanco e Diego Ramos. As emoções, essas, são difíceis de descrever, mas Ricardo Oliveira tenta.
Hoje o padel português viveu mais um momento inédito com Diogo Rocha a conseguir, com Pincho Fernandéz, um triunfo numa ronda de um Masters. Como foi viver de perto e assistir a mais um feito histórico?
Foi uma loucura! Sabia que tinha que vir a Miami. Tinha prometido ao Diogo Rocha que se ele fizesse mais um quadro principal do WPT lá estaria para vê-lo, como sempre estive. Tinha um palpite, apesar de terem calhado com a dupla mais difícil da prévia – não eram favas contadas. Mas foi bom terem aquele encontro difícil na terça-feira, porque ganharam confiança. Sabiam que estavam a jogar com jogadores experientes. Hoje [quarta-feira] os meus nervos eram muitos, ainda mais ao ver alguns erros que acontecem e as dificuldades, diante de uma dupla mais rotinada e com mais experiência.
Foi bonito ver a forma como eles se superaram e como conseguiram a remontada que aconteceu no segundo set. No terceiro set, quando já tudo levava a crer que se iam abaixo, pois estiveram a perder por 3-0, foi fantástico vê-los fiéis ao plano de jogo, outra vez focados e a obrigarem os adversários a arriscar, ao invés deles próprios. O talento está lá e assim também é mais fácil. Os outros jogadores deixaram de saber o que haviam de fazer porque eles devolviam as bolas todas. No tie break estiveram sempre em cima no marcador e cedo se percebeu de que lado estava a vitória. Estou muito feliz!
Como esteve Diogo Rocha em court?
Esteve bastante bem! O Diogo aguentou muito bem o trabalho que tem de fazer no lado dele. Obviamente que tem coisas a corrigir, se quiser concretizar as ambições dele, que passam por subir mais alto no ranking, e para isso precisa de uns ajustes para subir o próximo degrau. Mas ele esteve bastante bem, tal como o Pincho, apesar de ter falhado algumas bolas, como todos os outros falham.
E como funcionaram em dupla?
O resultado sofreu algumas oscilações, o que indicia um encontro com momentos bem distintos, sem uma superioridade evidente e constante. É verdade. Em determinados momentos do encontro, o Diogo e o Pincho bateram-se de igual para igual com os adversários e, em outros momentos, foram superiores, surpreendendo a dupla adversária. Em algumas ocasiões, contudo, também foram inferiores, mas têm boas perspetivas, porque têm margem de progressão. Ou seja, com mais trabalho e a melhorar o nível de jogo em alguns aspetos, vão conseguir chegar mais longe ainda no padel mundial.
Em alguma ocasião do encontro sentiu que Diogo Rocha e Pincho Fernandéz vacilaram?
O aspeto psicológico foi determinante neste encontro. Acho que eles acreditaram que podiam ganhar e sentiram isso em court. Nem todos conseguem ganhar em momentos de adversidade, só os campeões, e eles esta quarta-feira deram uma prova de que pelo menos têm o estofo que é preciso. O encontro teve uma primeira fase de adaptação. O Diogo e o Pincho entraram certamente receosos, qualquer um entraria, atendendo à experiência e favoritismo dos adversários, mas o Adrián e o Diego também entraram um bocadinho nervosos, embora façam isto com mais frequência e há mais tempo. A pressão estava do lado da dupla adversária e ,ainda assim, conseguiram impôr o jogo deles, mais organizado, mais sólido e jogado pelo meio.
O Rocha e o Pincho ficaram um bocadinho à procura do melhor posicionamento e do tipo de ataque que poderiam colocar em prática. Foi um primeiro set muito equilibrado. Só houve um break, não foi uma superioridade enorme. O que se notava era um padel mais simples e sólido da dupla adversária, sem complicar e aproveitar as hipóteses. O Diogo e Pincho ainda não têm essa organização, como é natural. Mas no segundo set foi perfeito. Foi um espetáculo vê-los jogar. Ganharam o meio do campo e só abriram ângulos, e jogaram nas diagonais, quando conseguiam desequilibrar um dos jogadores adversários para o meio. Só nessa altura atacavam e jogavam nas diagonais. Foram muito inteligentes. Adotaram a estratégia de jogar para trás e meio e isso foi suficiente. Não era preciso mais que isso, porque são dois jogadores com muito toque de bola.
Os outros eram mais sólidos, mais compactos e quando viram que não conseguiam fazer nada começaram a ficar desesperados. No terceiro set, eles entraram fortes, conseguiram logo o break mas o Pincho e o Diogo agarraram-se ao encontro e na reta final, que é quando se definem os campeões, estiveram fantásticos.
Como estava Diogo Rocha no final do encontro? Eufórico? Emocionado?
O Diogo acabou o jogo cansadíssimo. As condições estavam muito difíceis, estava muito sol e a temperatura ultrapassava os 30 graus. Não estava fácil para jogar. Estava exausto. Para se ganhar um jogo destes em três sets, em quase duas horas, debaixo de um sol intenso, e a um ritmo a que eles não estão habituados, é preciso um grande esforço físico. Ele estava super desgastado. O Diogo estava muito emocionado e muito feliz, não só por ele, como por todos os companheiros e tudo o que representa e leva às costas, que no fundo é a bandeira portuguesa.