Ténis pelos ares: Do luxo dos jatos privados às histórias de bradar aos céus

Ténis pelos ares: Do luxo dos jatos privados às histórias de bradar aos céus

Por admin - novembro 26, 2016

Caminhar como que nas nuvens ou perceber que ir do céu ao inferno pode ser um tirinho, com a real possibilidade de se tornar num grande esticão, depois de uma demorada passagem pelo purgatório. Viajar de avião todas as semanas, onze meses por ano, pode ser tudo isto, dependendo da sorte que se tenha e dos contratos publicitários que se assinem.

Há histórias felizes, que arrancam em jatos particulares e aterram a tempo do treino matinal do outro lado do mundo, e depois há as mal-aventuradas viagens que se revelam um verdadeiro degredo antes mesmo que se tirem os pés do chão.

A CNN deu o mote, relembrando algumas das peripécias vividas pelos representantes das raquetes, e nós apanhámos a boleia. Não fique para trás, venha daí:

Caroline Garcia: uma viagem, dois bilhetes e 14 horas de espera

Hoje conta a história entre risos, mas o episódio foi de ir às lágrimas, se não por causa do desespero, pelos fortes bocejos que 14 horas de espera implicam. O incidente vivido pela francesa Carolina Garcia aconteceu no início do ano, em Doha.

“Saí do aeroporto e não consegui entrar novamente. Não passei pela segurança nem na alfândega, por isso fiquei retida durante 14 horas, sentada numa cadeira. Sem dinheiro, sem cartões de crédito, sem nada. Foi um pesadelo. Pedi o meu voo, obviamente. Tive de comprar outro bilhete, o que foi complicado porque não tinha cartão de crédito. Agora rio-me, mas fiquei mesmo chateada na altura. Estava sozinha… Não teve piada nenhuma”.


Agnieszka Radwanska e a Lei de Murphy

Foi aquando da sua excursão para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto, que Agnieszka Radwanska sentiu na pele os efeitos da indesejada Lei de Murphy, que diz qualquer coisa como: tudo o que pode correr mal, vai correr mal, no pior momento possível.

Pois bem, aquilo que seria suposto ser uma viagem de 10 horas, de Montreal para o Brasil, acabou por se transformar num lamentável périplo de 55 horas, com passagem por Lisboa. O mal pior, porém, ainda estava por vir – Radwanska viria a perder na primeira ronda dos Jogos Olímpicos para a 64.ª mundial. “É bom saber que ainda tenho alguma força para partir a raquete”, disse ironicamente a polaca no final do encontro.


Petra Kvitova às voltas com o jet lag

Lá por não ter nenhuma história de bradar aos céus para contar, não significa que Petra Kvitova não tenha do que se queixar quando o assunto é viagens. Oh, se tem. Principalmente quando aterra na Ásia e o jet lag não perdoa. “Gosto de acordar cedo, mas aqui é impossível”, revelou a checa durante o WTA Elite Trophy, em Zhuhai, na China.

“Não consigo adormecer cedo e depois não me consigo levantar de manhã. Portanto, quando o despertador toca às 9h30 é como se fossem 5 horas da manhã. Não é fácil e estou a demorar mais tempo do que o normal a habituar-me”.


 Sam Stosur: o perto se faz longe

Com residência em Brisbane, a australian Samantha Stosur aponta o dedo, curiosamente, às viagens de curta distância. “Às vezes, as viagens dentro do mesmo país são as piores. De Indian Wells para a Flórida são só três horas mas demora o dia todo a lá chegar. E é difícil conseguir acordar de manhã na Flórida depois de chegar da Califórnia [são três horas de diferença]. Acho que é um dos piores jet lag de todos”.


Esquecer a derrota em classe económica

E se, assim do nada, se visse a partilhar o apoio de braço do avião com uma top-10 mundial? Pode acontecer, sobretudo se a jogadora em causa tiver perdido na primeira ronda de um Grand Slam. Em 2008, Venus Williams, então número oito mundial, sentou-se no primeiro lugar que encontrou na classe económica depois de perder na primeira ronda de Roland Garros.

“Estava extremamente confortável e feliz. Sentei-me ao lado de uma cantora de ópera”.


Dan Evans chegou são e salvo, as suas raquetes é que não

Dan Evans foi num pé a Paris e veio no outro. Tudo porque o seu voo entre Birmingham  e a capital francesa foi desastroso. Na verdade, o britânico chegou são e salvo, mas raquetes nem vê-las. A sua bagagem perdeu-se algures entre Birmingham e a capital francesa e Evans viu-se obrigado a desistir de disputar o qualifying do torneio de Paris-Bercy.

“Tive de desistir de jogar o torneio porque as minhas raquetes não chegaram a Paris, vindas de Birmingham, por isso eu tive uma viagem de um dia em Paris, basicamente”.


O nervoso miudinho de Rafael Nadal

Tem o passaporte tão preenchido quanto o seu palmarés, mas Rafael Nadal continua a ter um certo medo de tirar os pés do chão (da terra, vá). “Sou um passageiro nervoso”, confessou à CNN o maiorquino há alguns anos, particularmente em momentos de turbulência: “as minhas mãos começam a suar”.

Talvez por isso não tenha especial interesse em chegar cedo ao aeroporto. “Chego sempre atrasado”, confidencia, assegurando, no entanto, que nunca perdeu um avião por causa disso.


Elina Svitolina: Em primeira classe, pela sua saúde!

Sempre que as viagens ultrapassem as cinco horas de voo, Elina Svitolina ruma à mais prestigiada zona do avião. “É por causa das minhas costas. Vejo-o como um investimento, porque viajar em económica vai afectar a minha saúde e isso não é bom”.


Ele é Kei, Jet-Kei

Não se pode gabar de ter sobrevoado os lugares mais almejados do ranking, mas poucos há melhores do que Kei Nishikori a tirar os dividendos das milionárias parcerias que estabelece. Depois do rabisco no contrato com a Japan Airlines, o japonês viu a sua cara ir parar a um Boeing 777-300ER, pertinentemente apelidado de Jet-Kei.

kei

“Sou um sortudo. O meu patrocinador providencia-me grandes experiências em classe executiva quando viajo para a Ásia. Nas viagens mais curtas opto pelos voos mais simples. Desde que aceitem reservas de última hora, eu viajo até em classe económica, o que não é um problema quando são distâncias curtas”.


Roger Federer: O jato privado com lotação esgotada

Longe vai o tempo em que Roger Federer tinha um jato privado com espaço para dar e até emprestar aos seus adversários e às respetivas namoradas. Mas, num dia somos dois, no outro somos seis. “Dei boleia ao Rafa [Nadal] uma vez, do Canadá para Cincinnati. Mas agora está lotado. Ninguém vai querer ir no meu jato com os meus filhos [Charlene e Myla; Lenny e Leo]”.

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