Simon diz adeus de coração cheio: «Sinto-me sortudo porque fui o que sempre quis ser»

Simon diz adeus de coração cheio: «Sinto-me sortudo porque fui o que sempre quis ser»

Por Pedro Gonçalo Pinto - novembro 4, 2022

Aos 37 anos, Gilles Simon colocou um ponto final na carreira. O francês teve direito a uma despedida bonita no Masters 1000 de Paris, digna de uma carreira de sucesso, sendo que fez o balanço já depois das emoções sentidas em court.

SENSAÇÕES APÓS TERMINAR A CARREIRA?

Agora sinto-me vazio. E lesionado na perna esquerda. Mas já não interessa, já não preciso dela. Estou muito cansado. Manter-me tranquilo e relaxado ajuda-me porque sei que ainda vou experimentar muitas emoções. Mas estou demasiado cansado para isso agora. Sabia que o momento ia chegar, que ia ser com bancadas cheias, mas nunca sabes como vais jogar. Queria desfrutar do público uma última vez, mas não sabia se seria capaz de fazer isso. O primeiro encontro foi muito difícil emocionalmente, mas fiquei feliz por encontrar uma solução. O segundo encontro foi melhor, pensas sempre menos quando estás cansado. O terceiro já foi demasiado. Estava vazio.

ARREPENDE-SE DE ALGO?

Sim, há coisas que podia ter feito melhor, mas podemos ver as coisas de outro ponto de vista. Por isso, no geral, não me arrependo de nada. Simplesmente sou um sortudo por ter sido tenista. É o que sempre quis ser. Sou feliz também porque parei quando quis. De resto, podia ter sido melhor ou pior nestes 20 anos? De certeza. Faz parte da viagem. Sabendo tudo o que sei agora, claro que faria coisas de forma diferente, mas isso é válido para todos os jogadores.

JOGO ABORRECIDO PARA OS ADEPTOS?

Dou mais importância aos comentários de jogadores e colegas. Agradeço aos espectadores, porque graças a eles vivemos a nossa paixão, são eles que vêm e pagam bilhete. Se um encontro é aborrecido têm direito de o dizer, eles pagaram. Sei que tenho um estilo de jogo peculiar e outros têm o mesmo estilo. Quando defronto, por exemplo, o Andy Murray, sei que as pessoas não querem ver três jogos entre nós, eu entendo. O que é difícil de apreciar é que contra o Andy há uma dimensão tática e controlo enormes, embora seja invisível porque não é apaixonante.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt