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Sharapova: «Dava em doida se fosse apenas jogadora de ténis. A sério»
Muito se disse e muito se continua a dizer sobre Maria Sharapova e o fortuito incidente que a atirou para fora do court em março do ano passado, mas da sua boca pouco se ouviu durante o último ano. Agora, quando falta pouco mais de um mês para recuperar o seu lugar ao sol, a russa de 29 anos fala despretensiosamente sobre como foi viver na (aparente) escuridão durante 15 meses.
“Bebi mais álcool no último ano do que em toda a minha vida”, revelou a ex-número mundial em entrevista à Vogue. “Mas porque, na verdade, eu tive uma vida social ativa”, apressa-se a acrescentar Sharapova, que sempre se moveu, orgulhosamente, por outros mundos que em nada se relacionam com o circuito profissional. “Dava em doida se fosse apenas jogadora de ténis. A sério”.
As amizades no circuito são, também por isso, poucas ou nenhumas. Para Dominika Cibulkova, por exemplo, a russa é “arrogante, antipática e fria” e Garbine Muguruza nem se lembra de que ela existe. Opiniões que não lhe tiram o sono, garante. “Passo o menor tempo possível nos balneários, porque tenho outra vida. Tenho família, tenho amigos. E quanto menos tempo passar lá, mais energia me resta para eles. Sou respeitada pelo que faço no court, e isso significa muito mais para mim do que ouvir alguém dizer que sou uma rapariga simpática nos balneários”.
Acostumada a não deixar o comando da sua vida por mãos alheias, Sharapova soube imediatamente que teria de ser ela própria a contar uma história que era sua, despoletada por um erros seu, quando recebeu a carta da Federação Internacional de Ténis (ITF) sobre a suspensão por ter acusado positivo num teste antidoping realizado durante o Open da Austrália no ano passado.
Houve chefs a sair da cozinha e pilotos a sair do cockpit para me dizerem alguma coisa. Nunca pensei que tivesse esse efeito nas pessoas.
“Tomei [o meldonium] durante dez anos e durante sete desses dez anso tive um certificado de um laboratório acreditado pela AMA [Agência Antidoping] que atestava que todas as substâncias que eu tomava eram indicadas para mim. Fiquei completamente descansada. Foi esse o meu erro: ficar demasiado descansada”.
Sharapova assume que dificilmente se vai ver livre da nuvem de doping até ao final da sua carreira, mas prefere manter o foco no lado positivo do negativo. “Houve muitos estranhos a virem falar comigo desde que isto aconteceu. Chefs a sair da cozinha e pilotos a sair do cockpit para me dizerem alguma coisa. Isso é encorajador. Nunca pensei que tivesse esse efeito nas pessoas, isso impressionou-me”.
Vou ser paciente? Não é o meu forte.
Depois de 15 meses a viver na sombra, Sharapova prepara-se para se transformar no mais iluminado fogacho do ténis mundial, a partir da segunda metade de abril. “Tenho expectativas elevadas porque sei do que sou capaz. Vou ter isso como meta? Claro. Vou ser paciente? Não é o meu forte”, concluiu, em jeito de aviso, a campeã de cinco título do Grand Slam.
Fotos: Vanity Fair/Vogue
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