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Sania Mirza: «As mulheres tenistas têm que continuar a lutar contra o machismo»
Sania Mirza revelou que ainda sente alguma diferença de tratamento entre homens e mulheres quando o assunto é o ténis. A vencedora de seis títulos do Grand Slam (três em pares femininos e dois em pares mistos) adianta que se nega a aceitar os valores tradicionais que reduzem a liberdade da mulher no seu país e em outras zonas do globo.
“Com 12 anos diziam aos meus pais que se me deixassem jogar ténis, passaria a minha idade de casar. As colegas com quem eu jogava quando era pequena foram deixando de jogar pouco a pouco porque as suas famílias não consideravam que uma mulher se devia dedicar ao ténis”, conta a tenista indiana, que elogia o papel dos seus pais. “Eu sentia um grande orgulho ao ver que os meus pais nunca me disseram que não seria capaz de fazer algo por ser mulher. Aliás, até apoiaram o meu sonho”.
É o próprio pai, Imran, que relata um episódio que retrata as dificuldades pelas quais a filha teve que passar para chegar a profissional. “Quando tinha quatro ou cinco anos vinha ver-me jogar e fazia de apanha-bolas. Os seus primos e os rapazes que estavam no clube intimidavam-na e metiam-se com ela, dizendo-lhe que nunca poderia jogar ténis por ser rapariga”, conta Imran, antes de abordar o assunto de uma forma mais geral. “As mulheres na Índia são tratadas como se fossem propriedade. O importante é que se casem, não fazer desporto”.
Contudo, a história de Sania Mirza seguiu um caminho diferente, por influência dos pais. “Há muitas famílias que não dedicam o mesmo esforço nestes assuntos se se tratar de um rapaz ou uma rapariga. Por sorte, a minha não pensou assim”, diz a ex-número um mundial de pares. “O machismo não é só a violência e outras coisas extremas, também se vê nestes pequenos detalhes. No WTA temos que continuar a lutar pela igualdade de prémios monetários”.
Sania Mirza finaliza com uma história que, segundo ela, exemplifica esta sua ideia. Uma história ocorrida após a conquista da edição de 2016 de Wimbledon. “Dois dias depois, ao regressar à Índia, a primeira coisa que me perguntaram foi quando é que ia ter um filho”. Na opinião da indiana não é fácil mudar esta mentalidade. “Seria necessário um movimento cultural massivo, não chega o meu exemplo e o do meu pai”, conclui.
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