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Pedro Magalhães: uma experiência como treinador no outro lado do mundo
Pedro Magalhães aceitou o convite da antiga estrela Emílio Sanchez para participar na inauguração de uma nova academia na China, rumando ao outro canto do mundo durante três meses. Findada a experiência, o técnico português escreve em primeira pessoa aquilo que de melhor viu a aprendeu no Bola Amarela.
Nanjing, cidade chinesa com aproximadamente 10 milhões de habitantes e antiga capital da China. Foi aqui que Emilio Sanchez decidiu abrir uma nova Academia Sanchez-Casal e convidar-me para ajudar no início deste atractivo projecto.
Depois de ter trabalhado sete anos na Academia em Barcelona e seis meses no início da Academia de Naples (Flórida), achei que participar no início de mais uma academia e num país tão diferente dos outros onde trabalhei seria o próximo passo na minha carreira. Depois de “voar” 13h entre Barcelona e Nanjing, finalmente cheguei á China… Impressionante que às vezes pensamos que estamos tão longe uns dos outros e afinal não é bem assim.
Primeiro dia de trabalho
Foi nos courts de relva natural que a Academia tem, pois tinham realizado nos dias anteriores um mini-torneio de sub-16 organizado por Wimbledon, onde os vencedores eram premiados com uma viagem a Londres para assistir ao torneio! O jet lag fez-se sentir durante a primeira semana de trabalho mas depois adaptei-me ao fuso horário e clima.
Comecei a aperceber-me, depois de passar as primeiras semanas com os nossos jogadores (90% chineses), da maior dificuldade que tive durante esta minha estadia: a língua chinesa. Penso que me tornei num “expert” em comunicar através de gestos e alguns dos jogadores que treinei acabaram por aprender inglês e espanhol!
Se algum dia forem trabalhar ou viver para a China lembrem-se: é preciso muiiiiiiita calma quando tentam falar com os chineses!
Estadia
Estive hospedado num edifício de antigos escritórios que foram transformados em quartos para que tanto eu como os outros 2 treinadores espanhóis pudéssemos ter algum conforto durante o nosso período de descanso. Em relação à comida admito que ia um pouco reticente devido a comentários que outras pessoas que tinham estado antes na China me tinham contado.
Não posso comparar à nossa maravilhosa gastronomia. Mas para quem não tem problemas em comer vegetais e arroz durante 3 meses a experiência é suportável. Os preços em restaurantes de comida ocidental são um pouco elevados…
O ténis na China
Em relação ao nível tenístico que encontrei fiquei deveras surpreendido… pela positiva! Os jogadores seguem um padrão de jogador de piso rápido (pontos curtos e bastante intensidade) desde a sua formação mas isso não implica que não tenha encontrado alguns jogadores que variavam bastante o jogo e tinham um conhecimento táctico acima do esperado para a idade.
Procuramos treinar algumas vezes em courts de terra batida, para trabalhar mais essa parte táctica, visto que os pontos são mais largos e a força da pancada não resolve logo o ponto. Trabalhámos em parceria com a TAC (Tennis Association of China) e durante o período em que não tínhamos atletas da nossa Academia para treinar, treinávamos os jogadores da Associação Chinesa, que eram os melhores da Província em cada escalão.
No geral, considero que a minha experiência na China foi bastante positiva e gratificante: aprendi a “comunicar” dentro do campo de ténis mesmo sem falar o idioma dos meus jogadores ; sou agora um treinador mais forte mentalmente pois estar longe de casa durante o ano em torneios não se compara a estar 3 meses a trabalhar na China ; mantenho contacto e amizade com alguns jogadores que treinei durante a minha estadia.
https:\/\/bolamarela.pt//bolamarela.pt//youtu.be/LpkHnSJVWCM
Enquanto treinador de ténis, neste momento a trabalhar em Portugal, considero que quanto mais um treinador viajar e contactar com outras culturas e formas de treino, mais os seus jogadores irão beneficiar disso. Terão uma melhor formação para que no futuro possam ser homens e mulheres com bons valores e qualidade tenística para singrar no circuito.
Pedro Magalhães
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