O regresso de Jorge Dias: o árbitro português «com mais currículo a todos os níveis» - Bola Amarela Brasil

O regresso de Jorge Dias: o árbitro português «com mais currículo a todos os níveis»

Por admin - março 9, 2016

O português Jorge Dias é provavelmente o árbitro de ténis no mundo com o maior currículo mas desde 2003 que não exerce funções a nível profissional. Com saudades dos courts e dos tempos de oficial, anunciou há pouco tempo que iria voltar ao ténis mas, em declarações ao Bola Amarela, disse que o seu objetivo não passa pelos Grand Slams e os grandes torneios do circuito.

Presença em duas edições dos Jogos Olímpicos, três finais da Taça Davis, três finais da Fed Cup, cerca de 25 finais WTA e algo como 69 finais ATP. O percurso de Jorge Dias como árbitro-de-cadeira tem muito que se lhe diga.

“Tenho estado em contactos telefónicos e emails e até chegar aqui foi um processo muito doloroso”, disse Jorge Dias, que manifestou à ITF a sua votade em regressar há cerca de cinco meses, “para todos os efeitos eu não sou um árbitro qualquer, e ainda hoje devo ser o árbitro com mais currículo a todos os níveis”.

Mas afinal, em que moldes se vai dar o regresso de um dos maiores profissionais da arbitragem de ténis? O próprio explica:

“Não é um regresso, a minha carreira como árbitro profissional terminou há muito tempo. O meu objetivo não é exercer a nível profissional, mas fazer mais os torneios em que realmente precisam de mim: os juniores e os Futures, principalmente em Portugal. Não quero andar a viajar muito”

Jorge Dias terminou a sua carreira de árbitro-de-cadeira em 2003, dois anos depois de se ter tornado no primeiro “estrangeiro” a estar numa final de singulares de Wimbledon, já que, na altura, era bastante raro num torneio do Grand Slam não ser da nacionalidade do país em questão.

Jorge dias 6

Depois de todos estes anos sem exercer, a classificação do português dentro da ITF foi descendo, embora Jorge Dias frise: “Para mim sou sempre Gold Badge”. Aquando do seu regresso, o antigo juíz terá de fazer o curso de Grau 2, que lhe dará o White Badge, com o qual poderá exercer as funções de juíz-árbitro em torneios de juniores e de veteranos.

“É algo que poderá levar pelo menos dois anos. Tiro o nível dois, white badge, e depois tenho de fazer torneios, algo para o qual não tenho muita disponibilidade. Fazer Futures vai depender muito da boa-vontade da ITF”, referiu.


Acima de tudo, o maior desejo é regressar a Portugal

A pouca disponibilidade em viajar prende-se não só com os seus 53 anos mas também com a sua família e o seu filho, de três anos e meio, que deverá começar a primária em Portugal.

“Apesar de não ser muito jovem na minha vida sempre quis ter objetivos, e o meu objetivo será voltar a Portugal daqui a três, quatro anos”, disse Jorge Dias, atualmente a viver na Bélgica mas a trabalhar, numa empresa de materiais no Luxemburgo, onde também dá aulas de ténis e joga no circuito de veteranos.

No regresso ao seu país natal, o lisboeta revela que espera manter-se totalmente ligado ao ténis: “ou com uma coisa minha, que dependa só de mim, ou em algum projeto que queiram que eu participe. Tendo o curso de juíz-árbitro é mais uma ajuda para fazer qualquer coisa em Portugal além das minhas outras funções no ténis, como a de treinador”.

Foto: Facebook

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Depois de ter ensinado atuais figuras respeitadas no mundo da arbitragem, como Pascal Maria, James Keothavong e o próprio Carlos Ramos, Jorge Dias diz que prefere estar onde é mais preciso e voltar a ensinar jovens talentos, tanto os que estão dentro do court como em cima de uma cadeira. O calor de Portugal, juntamente com a família e os amigos, já o esperam por cá.