Nadal: "Não era o dia para deixar tudo em quadra e morrer"

Nadal: “Não era o dia para deixar tudo em quadra e morrer”

Por Pedro Gonçalo Pinto - abril 17, 2024

Totalmente realista e sem tabus, Rafael Nadal falou sobre sua derrota para Alex de Minaur e a eliminação no ATP 500 de Barcelona de forma descomplicada, explicando o motivo de ter tirado o pé do acelerador. O ex-número 1 do mundo também destacou suas expectativas para o que está por vir em Madrid, Roma e Roland Garros, além de garantir que saiu do torneio catalão sem lesões.

COMO SAI DO JOGO

Joguei este torneio como se fosse o meu último Godó, mesmo que nunca se saiba o futuro. A vida vai te guiando e está fazendo isso de forma bastante clara comigo. As minhas sensações na quadra foram boas; por momentos, joguei em um nível bastante correto. O principal, infelizmente, não é ganhar, mas sim sair saudável do torneio. Isso consegui. Às vezes, é difícil jogar quando você sabe que não vai poder lutar o jogo todo, mas isso é hoje; talvez daqui a algumas semanas seja possível. Hoje, depois de tudo o que aconteceu nos últimos meses, não era o momento para tentar fazer algo heróico. É preciso ser realista, fazer as coisas de maneira prudente e lógica. A realidade é que, depois de perder o primeiro set, o confronto acabou.

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AVANÇAR COM CALMA

O importante era poder jogar e joguei. Simplesmente quero lutar nos torneios; estar na quadra é uma grande conquista. A nível pessoal, custou-me muito voltar a estar aqui, mas consegui. O principal era jogar aqui dando prioridade à saúde, sem correr riscos. Mesmo que isso vá contra a minha filosofia e a minha forma de entender o esporte, porque foi assim que vivi toda a minha vida, indo ao limite em cada oportunidade, agora é preciso seguir por outro caminho. Tenho que me adaptar ao ritmo que seja adequado para ter a oportunidade de evoluir nas próximas semanas. Espero estar em Madrid daqui a uma semana; isso é o importante agora.

SEM ESTAR A 100%

Sei bem o que posso e não posso fazer. Por vezes, tive que diminuir a velocidade e fazer outros ajustes. Também não pude realizar nenhum serviço nos últimos três meses, então é complicado sacar normalmente durante um par de horas. Antes de chegar aqui, só disputei uns sets de treino e o confronto em Las Vegas; não joguei mais nada. Não posso me permitir agora jogar um embate de duas ou três horas em um nível competitivo. Tive algumas oportunidades, alguns momentos que poderiam ter sido a meu favor, mas cometi erros com a direita. Falhei porque competi muito pouco, mas aceito o que tenho e de onde venho, e tento manter uma postura positiva sempre.

O QUE AÍ VEM EM MADRID, ROMA… E PARIS

Saio convencido de que dei um passo à frente. Não era hoje que eu tinha que estar bem, que tinha que deixar tudo na quadra e me esforçar ao máximo. Tenho que me dar a chance de fazer isso daqui a algumas semanas, pelo menos tentar. Se eu tivesse me esforçado ao máximo hoje, jamais teria a oportunidade de fazer isso daqui a algumas semanas, por isso tenho que jogar de acordo com o objetivo que tenho. Tenho que ir medindo conforme como me sinto, então vou jogar em Madrid dessa forma. Se o meu corpo for respondendo e acumular bons treinos, poderei dar um passo à frente em Madrid. Se o meu corpo for capaz de assimilar as cargas de forma progressiva, isso tem que me ajudar a exigir cada vez mais, mas não sei. Logicamente, a ideia era evoluir, mas não estou falando em ganhar jogos , só em lutar. Em Madrid, ir um pouco melhor, em Roma um pouco mais… e em Paris, que seja o que Deus quiser.

ADEUS A BARCELONA

Sou uma pessoa estável emocionalmente e analiso as coisas da forma correta. O normal é que tenha sido o meu último confronto no Godó; todos sabem o quanto este torneio foi importante para a minha carreira. Ter ganho 12 vezes aqui é inimaginável para mim. Só posso agradecer pelo que recebi das pessoas deste clube. Vou seguir o meu caminho; o tênis é assim, as gerações passam e outras chegam. Mas nenhum jogador é mais importante do que os torneios. Tive a sorte de escrever uma história bonita neste torneio, mas virão outras para tentar superá-la. Sempre soube que tudo tem um princípio e um fim; não há nenhum drama. Apenas é triste não poder mais disputar torneios a nível profissional, adoraria ter lutado por este título mais uma vez.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt