Nadal: «Fiquei completamente coxo depois de defrontar o Moutet e foi aí que decidimos adormecer o nervo»

Nadal: «Fiquei completamente coxo depois de defrontar o Moutet e foi aí que decidimos adormecer o nervo»

Por José Morgado - junho 7, 2022
Créditos: Bruno Alencastro/Bola Amarela

Rafael Nadal deu esta segunda-feira uma muito interessante entrevista ao site espanhol do ATP Tour, onde assume como se tem sentido no pós-14.º título em Roland Garros. O espanhol de 36 anos diz que os sacrifícios das infiltrações valeram a pena e não está preocupado com a sua vida após o ténis.

COMO ACORDOU NO DIA SEGUINTE AO TÍTULO?

Estou bem fisicamente, como estive sempre durante o torneio apesar das duras batalhas. Acordei bem fisicamente, com a exceção do pé, que não me deixou dormir com dores, depois de seis semanas de analgésicos, injeções, antinflamatórios. Vou ter uns dias complicados nesse sentido agora.

ENCONTRO COM MOUTET FOI O PONTO DE VIRAGEM

Fiquei completamente coxo. Ainda não tinha feito as infiltrações do nervo que depois comecei a fazer. Foi nesse momento que tomámos essa decisão e foi a melhor que poderíamos ter tomado. As infiltrações nem sempre têm o mesmo efeito, mas normalmente de sete a oito horas. Não é matemático. A injeção dói. É superável, mas passar por este processo todos os dias 20 minutos antes de cada encontro não é agradável.

O QUE SENTE QUANDO É INJETADO

Tenho controlo do pé, mas perco completamente a sensibilidade. Passo de coxo a sem dores e isso é bom, mas por outro lado corro riscos diferentes, como entorses no tornozelo por causa da falta de sensibilidade. Não é uma solução que eu possa usar muitas vezes, mas foi a única opção depois das dores que tinha em Madrid e Roma. Não conseguia correr nem jogar.

QUANDO JOGOU PELA ÚLTIMA VEZ SEM TOMAR ANALGÉSICOS?

Não quero entrar nessa conversa. Todos os desportistas passam por estes processos e tomam aquilo que acham necessário para competirem da melhor forma.

O QUE ESPERA DO NOVO TRATAMENTO?

O objetivo do tratamento que vou fazer é claro: ter a sensação permanente do pé dormente, sem sensibilidade, que tenho quando tomo as tais injeções. Se conseguirmos que o nervo adormeça, as dores passam e posso continuar a jogar. Esse é o objetivo.

VIDA DEPOIS DO TÉNIS CONDICIONADA PARA SEMPRE?

Não tenho medo de como será a minha vida depois do ténis. Sempre tive a noção de que os sacrifícios da minha carreira afetariam a minha qualidade de vida. Há muitas coisas que me fazem feliz e vou continuar certamente a ser feliz.

COMPENSA PROSSEGUIR?

O que compensa em continuar é continuar a sentir-me competitivo. Quem está comigo no dia a dia sabe aquilo pelo qual tenho passado. Mas continuamos na luta, à procura de soluções. Se o tratamento não resultado, poderei pensar em ser operado, mas não é certo que o problema fique resolvido a 100 por cento.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com