Longe do glamour. Nicole Gibbs explica detalhadamente os verdadeiros custos de jogar o qualifying em Roland Garros

Longe do glamour. Nicole Gibbs explica detalhadamente os verdadeiros custos de jogar o qualifying em Roland Garros

Por admin - maio 24, 2017

Muitos fãs de ténis acreditam que esta é uma modalidade que requer algum esforço financeiro para alcançar o profissionalismo e o sucesso. O que, até agora, pouca gente tinha ideia é que mesmo os melhores tenistas podem não estar livres de algumas barreiras financeiras, inimagináveis para quem assiste de fora. Um dos testemunhos dessa situação é-nos transmitido pela norte-americana Nicole Gibbs, num artigo publicado no Tennis Channel.

“Muita gente não tem noção que no ténis, ao contrário de outros desportos, os jogadores são responsáveis por todas as despesas relativas a treino, viagens ente outras. No meu caso, eu estimo que os meus gastos anuais devam chegar aos $200.000, apesar do constante esforço em cortar algumas despesas”, começa por revelar Gibbs.

“Nos eventos WTA e Grand Slams temos hotel pago, mas a nível ITF não há nada. Apenas temos algumas casas disponíveis, isto se quisermos ir para casa de algum estranho”, exemplifica a norte-americana, antes de abordar o que se passa nos qualifyings dos eventos WTA. “Temos duas noites pagas num hotel, mais uma extra se ficarmos em competição. No quadro principal temos normalmente cinco noites. Num Grand Slam pagam em cash (quadro principal), e aí podes escolher para onde ir”.

A norte-americana, de momento a disputar o ‘qualy’ de Roland Garros, não deixou de se referir ao torneio francês e à disparidade entre o prize-money do quadro principal e o do qualifying. “Aqui pagam-nos $200 por noite, no quadro principal são $340. Tendo em conta que muitos tenistas vêm dois dias antes do evento e precisam de mais quartos para os seus treinadores, preparadores físicos, etc. torna-se complicado fazer face a tantas despesas”.

Em Roland Garros os derrotados na primeira ronda do qualifying recebem cerca de €3500, enquanto que no quadro principal o valor ascende aos €30.000, quase dez vezes mais. Algo bastante injusto na opinião de Gibbs. “Ainda que reconheça o esforço para aumentar o prize-money em torneios do ITF e WTA, penso que a paridade entre a qualificação e o quadro principal devia ser uma prioridade”.

“Assim, quando Roland Garros me diz que não me pode dar transporte de e para o apartamento que aluguei via Airbnb para mim, para o meu treinador e para o meu pai, por $200 por noite, sinto que a minha frustração é justificada”, refere a norte-americana, antes de terminar dizendo o que faria diferente para mudar esta situação.

“Penso que os aumentos nos orçamentos dos torneios deveriam ser direcionados para as despesas de viagens dos atletas em vez de aumentarem o prémio para os vencedores”, conclui.