João Zilhão já olha para 2023: «Alcaraz é um objetivo para o próximo ano»

João Zilhão já olha para 2023: «Alcaraz é um objetivo para o próximo ano»

Por Pedro Gonçalo Pinto - maio 1, 2022
Créditos: Millennium Estoril Open

João Zilhão, diretor do Millennium Estoril Open, viu a edição de 2022 chegar ao fim, mas já pensa na de 2023. O organizador da prova mostrou-se radiante com o regresso do público e apontou um nome concreto com que gostava de contar na próxima temporada.

BALANÇO DO TORNEIO

Foi um sofrimento enorme ter de cancelar em 2020. Fazer o evento em 2021 foi uma prova de resiliência e foi difícil manter isto vivo porque os sponsors queriam todos saltar fora. Este evento vive muito do convívio, dos sponsors interagirem. Mantivemos o evento vivo artificialmente em 2021, depois de em 2020 termos perdido 800 mil euros. Tivemos uma boa postura com o público e o público recompensou-nos. Foi algo que nunca tinha visto. Tivemos momentos extraordinários esta semana. A grande vitória deste projeto foi não haver máscaras, foi o regresso do público, foi termos parado os testes, os certificados. Foi um regresso ao passado muito feliz. Conseguimos ter um estádio cheio em muitas ocasiões e com jogos extraordinários toda a semana. Campeões portugueses hoje que foi algo que me deixou arrepiado novamente. Ter o par a ganhar hoje foi extraordinário. Foi um dia emocionante. Ter um futuro top 10 a ganhar, como o Baez, também é fantástico. O balanço é muito positivo.

SENSAÇÃO DE VER BORGES E CABRAL A GANHAR

Em 2018 ver João Sousa a ganhar o torneio de singulares foi irrepetível e sensações nunca antes vistos, este ano podermos realizar uma prova como gostamos, com muito público e muita festa, foi tão bom como podia imaginar. Na semana passada estava a ver as previsões de tempo e era um inferno para a semana toda. Depois foi ótimo. Noites frias mas dias fantásticos. Toda a gente sai daqui com um sorriso.

JOGADORES QUE SONHA TER NO ESTORIL

Este ano tivemos um cartaz muito bom. Depois sabemos que há gente que se lesiona, que está cansada. Às tantas estava a pensar para mim, no domingo passado, que estive muito perto de fechar o Alcaraz. Estive sentado com o agente dele, bati o valor, mas duas semanas depois avisa-me que não ia jogar esta semana. Se tivéssemos fechado, ele depois jogou em Barcelona duas vezes na sexta, outras duas no domingo e no domingo à tarde ou segunda ia ligar-me a dizer que não podia jogar. A sensação a que chego é que todas as semanas vamos ter jogadores lesionados ou cansados.

Quem quero são aqueles jogadores que fazem o público feliz, que vendem bilhetes e fazem audiências. Gostava que Korda voltasse, Tiafoe já provou que é um favorito do público. Acho que este Baez, que o vi em Milão, impressionou-me. Acho que o Felix não teve uma boa semana mas é um jogador muito querido. Alcaraz é um objetivo para o próximo ano.

PRESENÇA DE MARCELO REBELO DE SOUSA

Tive de parar o que estava a fazer, fui cumprimentá-lo, convidei-o para ir para a tribuna, ele não aceitou. Vinha em modo Marcelo, não de presidente da República. Não deu para o convencer a vir à tribuna, mas ele é muito autêntico e foi ótimo ter parecido. Acima de tudo, foi excecional ver o par português a ganhar a alguns dos melhores do Mundo. Não conhecia muito bem o Francisco Cabral, melhor o Nuno Borges. Os dois excecionais e gostei muito de os ter a ganhar o Millennium Estoril Open. É extraordinário. E ter bancadas cheias num par é difícil.

HIPÓTESE DE PASSAR A ATP 500

Para termos um ATP 500 tínhamos de comprar uma licença existente. Era preciso que um quisesse vender e depois o problema é o preço. Estamos a falar de um fee acima de 15 ou 20 milhões de euros. A licença só por si não é comportável, não conheço nenhum que esteja à venda e o caderno de encargos obrigaria a investir outros tantos milhões para ter um estádio de x lugares, um número dois de x lugares. Era umas dezenas de milhões de euros para conseguir um ATP 500. O que acho é que Portugal não tem força financeira suficiente para ter um ATP 500. Era preciso vir o governo vir por trás. O custo é brutal. Um ATP 250 está muito bem adaptado ao nosso país.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt