Jaime Faria honesto após adeus a Roland Garros: “Senti o momento”
Jaime Faria foi derrotado na terceira e última ronda da fase de qualificação de Roland Garros e no final do encontro conversou com o jornalista Marco Martins, correspondente do ‘Record’ em Paris. Numa longa conversa, Faria explicou de forma lúcida aquilo que sentiu durante o encontro, fez um balanço positivo da semana em Paris e projetou os próximos desafios.
ACUSOU A PRESSÃO DE UM ENCONTRO ESPECIAL
Hoje, para ser sincero, acusei um bocadinho ser a terceira ronda de qualificação e jogar para um quadro principal, aquela que foi a minha primeira qualificação e podia ter sido o meu primeiro quadro principal. Mas pronto, ele também teve mérito, jogou bem. Certamente tem mais experiência a este nível. Hoje teve mais nível. Não sei se da próxima vez terá, mas pronto, foi uma boa experiência. Hoje não consegui estar ao nível (…) mas pronto, é tudo experiências. É verdade que na quarta-feira fiz um bom encontro. Entrei mal, mas também muito por mérito dele, ele estava a jogar bem. Encontrei soluções, encontrei depois ali um ritmo de jogo e um fio de jogo que não larguei e só saí com a vitória.
ROLAND GARROS INESQUECÍVEL
Levo uma experiência e muita, muita vontade de voltar cá. Muita vontade de jogar um quadro principal. É tudo um bocadinho novo para mim. Tive um bocadinho deslumbrado nos primeiros dias, mas isso já passou e lá está agora é trabalhar para isto, e este é o nível que eu quero chegar. Quero me bater com os melhores. Para isso tenho que ganhar estes jogos e hoje não consegui. Eu comecei o ano fora do top 400. Estou a meter-me a 180 esta semana, com a vitória da semana passada, portanto senti que fiz uma boa semana. Não posso ir de cabeça para baixo, mas tenho que ir com muita vontade de melhorar e para o ano apresentar-me melhor, melhor nível, melhor de cabeça, melhor de experiências vividas. Acho que no final de contas o balanço é positivo.
PRÓXIMOS DESAFIOS
É tudo uma incógnita. Eu agora, para já, estou no Challenger de Zagreb e no Challenger de Bratislava. Depende também um bocadinho se entrar ou não. Vamos lá ver. E quero jogar uma semana de relva antes de Wimbledon, porque também só fui uma vez à relva nos juniores e foi espetacular. Mas tenho que pisar um bocadinho para depois chegar bem preparado para Wimbledon. Eu gosto de relva. Acho que posso jogar bem em relva. Sirvo bem e o início das jogadas são bons. Mas é muito diferente da terra. Estou a jogar bem terra, mas até à relva ainda faltam duas semanas e muito trabalho.
Faria perde com Meligeni e fica à porta do quadro de Roland Garros
EXPECTATIVAS ATÉ AO FINAL DO ANO EM TERMOS DE RANKING…
Para ser sincero, ainda não defini muito bem objetivos de ranking. Eu acho que no ténis é complicado, nunca sabe, pode ir para o bem como para o mal. Portanto é continuar a trabalhar semana após semana e é querer mais e mais e mais, ambicionar mais e mais e mais, que é assim que eu tenho subido ao longo deste ano. Portanto, não sei, não consigo pôr uma meta, um ranking definido, até porque eu tinha definido para este ano jogar um primeiro Grand Slam, que seria à partida o último deste, que era o mais fácil de lá chegar, porque tinha mais tempo. Chego logo no primeiro possível porque a Austrália fecha antes de 2024. Mas pronto, vou continuar a trabalhar e tentar quebrar cada vez mais barreiras.
O TÉNIS ESTÁ A CRESCER EM PORTUGAL?
Eu acho que a modalidade está a crescer. Não sei se a largas passadas ou não. Já fui a países que há uma outra cultura. É brutal a cultura do ténis em França, Itália, mesmo na República Checa que tive agora há duas semanas. Portanto, eu acho que o ténis em Portugal está a crescer e ter pessoas para quem olhar e ter referências como o João Sousa que foi muito importante, trouxe muita gente com todas as conquistas que ele teve. Mesmo o Nuno agora está a conseguir quebrar muitas barreiras e acho que eu e o Henrique também podemos vir a estar nesse lote de jogadores de topo. E pronto, estamos a fazer o nosso caminho. Mas acho que sim, acho que está a crescer o ténis.