Inventor de Meldonium: «Inadmissível ser dopante um fármaco que está no mercado há 32 anos»
Ivar Kalvinsh, cientista inventor da substância “Meldonium”, admitiu esta quinta-feira que “recomenda o seu consumo a toda a gente”. Em declarações à agência EFE, o letão mostrou-se “indignado” com o facto de a Agência Mundial Antidopagem (AMA) ter proibido o produto para os jogadores sem o seu consentimento, levando à suspensão da russa Maria Sharapova a partir de 12 de março até o caso estar resolvido.
“Dois milhões de pessoas consomem regularmente. Eu também a tomo quando me sinto cansado. Tomo-a durante 10 dias e fico como novo”, começou por dizer Kalvinsch, de 68 anos, que queria ter sido consultado pela AMA antes da proibição do medicamento. “É inadmissível que considerem dopante um fármaco que está no mercado há 32 anos”, rematou o letão, admitindo ser um produto “único”e que “por isso os países ocidentais decidiram proibi-lo”.
“Querem misturar desporto e política. Não há investigações que confirmem que o Meldonium é uma substância dopante. O que sucede é que se aperceberam que muitos campeões desta região, como [Maria] Sharapova, a tomam. É essa a razão”, explicou o cientista, reforçando o facto de o medicamento “salvar vidas”.
“O atleta que toma este fármaco pode esforçar-se sem risco. Mas isso não é dopagem. O Meldonium protege o seu coração, mas o rendimento depende inteiramente das suas qualidades fisiológicas. Ninguém que o tome se torna num super-homem da noite para o dia”, concluiu Kalvinsch.
Maria Sharapova, atual número sete do ranking mundial, admitiu em conferência de imprensa em Los Angeles ter acusado positivo um controlo antidoping devido ao medicamento, que só foi tornado proibido em janeiro deste ano e a acompanha desde 2006.