Frederico Marques: «Separar-me do João? Neste momento estou feliz com ele»
João Sousa e o seu treinador Frederico Marques uniram-se há mais de uma década para singrarem no ténis. São muitos os obstáculos que têm de superar diariamente, os objetivos que têm de projetar todos os anos e, nos momentos difíceis, há que analisar o que correu menos bem. Por isso, em entrevista ao Bola Amarela, o técnico português descartou a hipótese de alguma vez ter pensado em separar-se profissionalmente do seu pupilo.
“Se algum dia acontecer, vou aceitar. Não há nada que dure para sempre. Se esse dia chegar e quando chegar vou estar tranquilo, porque dou tudo o que tenho e o que não tenho todos os dias. Há muitas coisas que não faço na minha vida para poder dar mais ao João, vivo um bocadinho a vida dele e faço-o com todo o prazer”, começou por dizer Marques.
“É um grande amigo meu, é a minha profissão e foi o que eu escolhi. Tenho de aceitar, é assim que vivo, para que ele seja melhor pessoa e melhor jogador. Nunca pensei nisso, mas se acontecer, acontece. Hei de continuar a dar o melhor de mim a outra pessoa. Eu sou assim, dou-me a cem por cento com a minha família, com a namorada, com amigos, com o meu jogador. Durmo tranquilo”, acrescentou, confessando ter um “projeto” com o vimaranense.
Um projeto que tem dado frutos. Sousa terminou a época de 2015 com o seu segundo título ATP World Tour da carreira no torneio de Valência, de categoria 250, e estas conquistas fazem com que o elo de ligação se torne naturalmente mais forte. No entanto, as propostas vão surgindo, apesar de a resposta ser sempre a mesma.
“Não, nunca tive propostas de jogadores do top 10. Já tive de jogadores do top 50, do top 100, mas neste momento estou feliz com o João, sou uma pessoa que faz projetos de ano a ano, tenho os meus mini objetivos, de três em três meses, de seis em seis”, admitiu, explicando posteriormente em que altura da época se ‘sentam à mesa’ para discutir estes assuntos.
“O meu contacto com o João é ao final do ano. Todos os anos falo com ele. ‘Estás contente, não estás contente, gostaste, não gostaste, o que é que eu fiz bem, o que não fiz’. E com essa amizade existe sempre essa sorte de dizer as coisas na cara. Se me aparecesse outra opção, diria que não, porque tenho o objetivo que o João seja melhor jogador, melhor pessoa. É o meu objetivo como treinador”, rematou.
E estes objetivos no ténis foram delineados logo desde que começou a sentir o gosto pela profissão. “Um jogador tem de chegar ao seu limite”, reforçou. Mas será que o atual 33.º classificado da hierarquia mundial masculina já se deparou com essa fronteira? Para o treinador nacional, João Sousa ainda tem uma considerável margem de progressão até não poder dar mais de si.
“Quando comecei e me ensinaram a ser treinador, disseram-me que o objetivo é fazer com que o jogador chegue ao seu limite. Um treinador tem de espremê-lo ao máximo. O João ainda não está no limite dele e, por isso, ainda não estou tranquilo neste aspeto. Tenho na minha cabeça onde é que ele poderá chegar e sei que está longe desse limite”, sublinhou Marques.
Queria ler mais da entrevista que Frederico Marques deu ao Bola Amarela? Não se preocupe. Vai ser publicada a partir da próxima quinta-feira, 12 de outubro, em duas partes.