Djokovic de olho no recorde de Federer: «Estou em boa posição de o conseguir»
Taça devidamente posicionada ao seu lado e champanhe para tantos quantos os jornalistas que estiveram na sala de imprensa para receber e ouvir pela última vez este ano o novo-velho campeão do Open da Austrália. Novak Djokovic disse o que não precisava de dizer, por ser evidente nestas circunstâncias, mas abordou também, ainda que de forma ténue, o que espera que o futuro lhe traga.
“É uma grande honra”, disse o sérvio sobre a sexta vitória em Melbourne Park. “É fenomenal, estou muito orgulhoso, assim como a minha equipa. Trabalhamos muito para nos colocarmos em condições de o conseguir, e devemos aproveitá-lo”, continuou o sérvio, adiantando que não dá nada por garantido, “mesmo tendo vencido os últimos quatro ou cinco Grand Slams”.
Neste domingo conquistou um histórico sexto Open da Austrália, que é também o 11.º Major da carreira. “Não posso mentir e dizer que não pensei sobre isso [igualar Roy Emerson]. Claro que me passou pela cabeça. Ao entrar no court sabia que tinha a oportunidade de fazer história e claro que isso foi uma grande motivação para jogar o meu melhor”.
“Não há dúvida que nos últimos quinze meses joguei o melhor ténis da minha carreira. E tudo tem corrido tão bem também na minha vida privada. Tornei-me pai e marido, tenho uma família, por isso cheguei a uma altura na minha vida em que está tudo a funcionar em harmonia. Vou tentar manter isso assim”.
Contra factos não há argumentos. Tudo corre às mil maravilhas ao número um mundial neste início do ano. Além de sair de Melbourne com 8 mil pontos a mais no ranking do que Andy Murray, segundo classificado, termina o primeiro mês do ano com triunfos claros sobre os seus três maiores rivais: Roger Federer, Rafael Nadal e Andy Murray. Uma vantagem que não vai permitir que lhe suba à cabeça.
“Não quero que isso afete o meu estado de espírito. Porque quando as pessoas tornam-se demasiado arrogantes acham-se superiores e melhores que os outros e podemos levar uma grande bofetada do karma. Eu não quero que isso aconteça”, garantiu Djokovic, que diz preferir continuar a ser “humilde e discreto”e respeitador para com os seus oponentes.
“É este tipo de abordagem que me tem ajudado a chegar onde estou e não me quero afastar desse caminho”. Ainda assim, o jogador de Belgrado não esconde que pretende continuar a desafiar destemidamente os seus adversários e os feitos por si alcançados.
O lobo precisa de comer muitas outras refeições até chegar a Paris. Paris é a sobremesa.
“Penso que estou em boa posição de o conseguir, mas vamos ver”, afirmou Djokovic quando questionado sobre a possibilidade de atingir os 17 Grand Slams de Federer. Para já, são 11, seis deles arrebatados no maior e mais importante court australiano. Uma verdadeira história de amor.
“Foi por isso que beijei o court. Tenho um caso com a Rod Laver Arena há muito anos e espero que assim continue por muito tempo”. Uma romântica alusão ao sítio onde mais feliz foi na sua carreira, que logo foi interrompida por um jornalista pouco dado ao romance.
Questionado sobre quão esfomeado está o lobo por ganhar Roland Garros, Djokovic abriu a sua grande boca e disse: “muito esfomeado, mas o lobo precisa de comer muitas outras refeições até chegar a Paris. Paris é a sobremesa”. É caso para perguntar: quem não vai ter medo do lobo mau?