“Ninguém sabia disto, mas no dia seguinte ao meu último jogo contra o Delbonis [Buenos Aires 2022], peguei um voo para a Suíça e fiz a minha quinta cirurgia no joelho. Desde então, nunca mais tornei as minhas cirurgias públicas, pois encontrei um pouco de paz na coletiva de imprensa antes daquela partida contra o Federico, ao dizer que provavelmente aquele seria o meu último jogo. As pessoas pararam de me perguntar constantemente quando é que eu voltaria a jogar. Fiz todo esse processo secretamente e, se funcionasse, anunciaria que voltaria. Fiquei dois meses na Suíça, em uma vila perto de Basileia tentando reabilitar-me e não funcionou. Depois de 2 meses e meio… fiz a minha sexta operação. Voltei para os Estados Unidos. Mais reabilitação, mais de 100 injeções em todos os lugares. Infiltrações… sofrimento diário. Tem sido minha vida desde aquela partida contra o Federico.
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Quando fiz minha primeira cirurgia em junho de 2019, o médico me disse que eu voltaria a jogar em três meses. Eu até me inscrevi em três torneios indoor no final do ano. Desde aquele momento, nunca mais consegui subir escadas sem dor. Dói quando dirijo, dói muitas vezes quando vou dormir. Tem sido um pesadelo sem fim.
Ainda estou procurando uma solução todos os dias. Tudo começou com aquela primeira cirurgia. Cada vez que penso nisso, ainda fico emocionado. Sinto-me péssimo. A minha vida cotidiana não é o que eu gostaria que fosse. Não posso jogar futebol, não posso jogar padel. É terrível. Tiraram-me a oportunidade de fazer o que eu mais amava, que era jogar tênis. É muito difícil. Há momentos em que não tenho mais forças. Não sou indestrutível. Tenho coisas boas, coisas ruins, mas na maioria das vezes tenho que fingir e colocar uma cara boa, mas muitas vezes sinto-me péssimo. Todos os dias quando acordo tenho que tomar 6 ou 7 comprimidos. Protetores gástricos, anti-inflamatórios, um para ansiedade. Os comprimidos fizeram-me ganhar peso e tive de parar de comer algumas coisas.
Uma coisa são as pedras que podem aparecer no caminho, como as lesões que podem afetar todos os atletas, mas a outra coisa é a dor emocional. Eu senti-me tão poderoso ao enfrentar esses obstáculos, mas depois de tudo o que já vivi entendi que não sou assim tão forte. Aquele joelho derrotou-me. Eu fiz oito cirurgias, com médicos de todo o mundo. Todas as vezes em que me davam anestesia eu esperava que o problema fosse resolvido e depois de 2 ou 3 meses eu ligava sempre para os médicos para lhes dizer que a cirurgia não funcionou.
Há médicos que me dizem que eu posso colocar uma prótese e recuperar alguma qualidade de vida. Mas outros dizem-me que sou muito jovem para uma prótese. Eles dizem para esperar até aos 50 anos. Mas… desde os meus 31 anos que não consigo correr, não consigo subir escadas, não consigo chutar uma bola, nunca mais joguei tênis. Preciso esperar mais 15 anos? É terrível. Espero que isto acabe um dia. Porque eu quero voltar a viver a minha vida sem dores.”
Del Potro prepara agora o jogo com Djokovic. “Comecei a minha dieta, estou a perder peso, estou treinando. Quero chegar a essa partida na melhor forma possível. É um jogo para dizer adeus. O Djokovic foi muito generoso em aceitar meu convite. Quero dar-lhe todo o amor possível. Se pelo menos por uma, duas ou três horas eu puder estar em paz e feliz em uma quadra de tênis, será lindo.”