Bia Haddad: "Sonhei e trabalhei para isto desde que comecei a jogar"

Bia Haddad: “Sonhei e trabalhei para isto desde que comecei a jogar”

Por José Morgado - junho 5, 2023
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Bia Haddad passou nesta segunda-feira (5) pela sala de coletivas de imprensa de Roland Garros onde se mostrou naturalmente muito orgulhosa pela classificação às quartas de final de um Major pela primeira vez. A brasileira de 27 anos derrotou a espanhola Sara Sorribes Tormo em uma histórica partida para o tênis brasileiro e também para o torneio, que durou quase quatro horas.

FELIZ COM A VITÓRIA

Primeiro do que tudo estou muito contente por estar nas quartas. É um sonho. Desde que comecei a jogar que sonhei e trabalhei para momentos como este. Estou orgulhosa deste jogo e dos anteriores porque lutei bastante.

ESTAVA PREPARADA PARA JOGO DURO

Me preparo sempre. Sabia que contra a Sara ela ia devolver muitas bolas. Tentei ser o mais agressiva possível, ir à rede o máximo possível, mas tenho muita crença no meu corpo porque tenho trabalhado muito nesse aspecto também. O físico é uma das minhas vantagens e sinto que quando mais duram os jogos, mais chances tenho.

INFLUÊNCIA DE MARIA ESTHER BUENO

Conheci a Maria Esther Bueno, tenho uma foto com ela em Wimbledon e estivemos juntas em São Paulo. Falamos algumas vezes e ela nos inspirou durante muitos anos. É uma mulher poderosa e eu tenho muito orgulho por representar o Brasil. Não me comparo nem com ela, nem com o Guga, que estão noutro patamar.

Bia Haddad é apenas a segunda brasileira nas quartas de um Slam na história

DORMIU MAL ANTES DESTE JOGO?

É uma loucura porque esta noite não foi fácil para mim. Dormi 4 ou 5 horas e estava ansiosa. Há coisas que não podemos nem conseguimos controlar. Mas estou contente pela forma como geri isso tudo. Acho que mereço.

GUGA SEMPRE PRESENTE

Quando ele ganhou pela primeira vez, eu tinha 1 ano. Mas cresci jogando no Brasil e ouvindo o nome dele. É a pessoa que fez diferença para o tênis no Brasil. Conheci ele quando eu era júnior e ele estava acabando a sua carreira. Aprendi a jogar com o coração.

AS DUAS ESTAVAM NERVOSAS

Houve muitos nervos e muita emoção. Eu comecei bem, mas depois ela começou a levantar a bola e eu não fui tão agressiva. Tentei entrar mais em quadra, ser mais agressiva e essa foi a mentalidade certa que eu utilizei para tentar mudar o rumo do jogo. Comecei a ver a luz no fundo do túnel e isso me deu forças.

DESCENDÊNCIA LIBANESA

A minha bisavó é libanesa. Não tenho grandes relações, mas o meu nome (Haddad) é libanês.

JOGOS LONGOS

Tênis não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona. Especialmente os meus jogos. A minha mentalidade é nunca desistir e me dar sempre mais uma chance a mim mesma. Hoje a chave foi estar calma e ter disciplina. Estamos em Roland Garros jogando em uma grande quadra, e tem que lutar até ao fim.

Bia Haddad entra na história com terceiro jogo mais longo de Roland Garros

MELHORIAS NA PARTE FÍSICA

Eu acho que a minha relação com o meu físico mudou com a minha mentalidade. Quando era mais jovem, o físico me deixou na mão muitas vezes. Quando a mentalidade muda, começas a colocar a energia no lugar certo. Muitos dos problemas físicos são também mentais e tudo isto é resultado do meu trabalho diário com a minha equipe. Há uma comunicação boa entre os meus preparadores físicos e fisioterapeutas e isso é muito importante. Joguei quatro horas, não preciso de cinco sets. Está bem assim!

DUELO COM JABEUR

Passei por muitas dificuldades durante este torneio e por isso sinto-me preparada. Ela é favorita, já jogou finais de Grand Slam, a pressão está do lado dela, mas estamos nas quartas de um Grand Slam. Tenho que subir o nível, ter coragem e treinar para melhorar. Vamos ver o que acontece.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com