Azarado Frederico Silva garante: «Nunca imaginei o meu primeiro quadro principal de Grand Slam assim»
Frederico Silva, caldense de 25 anos que se qualificou pela primeira vez para o quadro principal de um torneio de Grand Slam, é um dos 72 tenistas que estão em quarentena total por ter viajado num voo com uma pessoa infetada com covid-19. O número 182 ATP admite que teve azar e explicou que ficou desiludido com toda a situação.
“Tive azar. O meu voo foi um dos últimos a chegar a Melbourne e quando cá chegámos já tínhamos conhecimento das medidas. Só soubemos que havia casos positivos este domingo e ficámos a saber que teríamos de ficar em confinamento. Já tinha os meus planos de treino para esta semana e só depois é que soube que não podia sair do quarto. Houve um outro voo de Doha que partiu mais cedo do que o nosso e no qual estava muito bem. Quando vi o email mal queria acreditar, porque todos no Qatar tínhamos sido testados e estávamos todos negativos. Estava confiante que o nosso voo estava okay. Ficámos todos desiludidos por não estar à espera”, contou-nos esta segunda-feira, a partir do seu quarto de hotel em Melbourne.
Frederico Silva mantém a intenção de competir num dos torneios ATP 250 da semana antes do Australian Open e compreende a postura dos locais. “Os australianos estão há muitos meses em confinamento e é normal que não queiram colocar tudo em causa por causa de um torneio de ténis. A única coisa que poderia ser um pouco diferente era se os jogadores no voo continuarem a dar testes negativos talvez antecipar o fim da quarentena sem treinos. Talvez 5, 7 ou 10 dias. Com 14 dias vamos parar dois dias antes de começar o primeiro torneio. O qualifying desses primeiros ATP 250 de Melbourne começa domingo e nós vamos sair da quarentena na sexta-feira antes. Estou a contar jogá-lo na mesma, mesmo que não esteja nas melhores condições e forma.”
Kiko confirma que o controlo em Melbourne é bastante apertado. “Em cada corredor há uma pessoa a controlar, de resto estamos isolados de tudo. Pelas conversas que tem havido entre jogadores, sabemos que muitos não estão contentes e há muitas opiniões diferentes sobre como lidar com este tipo de situações. Nos próximos dias teremos as respostas sobre o que o torneio pode fazer para nos facilitar um pouco estes dias. O meu quarto é um dos primeiros no corredor e há sempre gente a controlar. Sei que alguns jogadores tentaram romper a bolha, mas não é fácil. Estamos isolados desde o primeiro dia. Mal saímos do avião fomos para um armazém, depois um autocarro especial, depois no hotel nem check-in fizemos. Não temos mesmo contacto com ninguém da Austrália.”
O português confirma que vai manter-se ativo e ter tempo para fazer outro tipo de coisas. “Costumo trabalhar online com o meu preparador físico e tentaremos que seja assim na mesma. Duas vezes por dia para me manter ativo e ocupar o meu tempo. Vou analisar alguns jogos e aproveitar o tempo para fazer trabalhos que normalmente não faço. Trouxe a PlayStation, temos a Netflix. Vou ter de arranjar truques para estes dias todos.”
Frederico assume a situação diferente mas desdramatiza. “Nunca imaginei que no meu primeiro quadro principal de Grand Slam teria de estar fechado duas semanas no quarto antes de jogar, mas se me tivessem dito que para jogá-lo tinha de fazer esta quarentena, eu teria vindo na mesma”.