Afinal, o que é que Nadal tem no pé esquerdo? O raro e complicado Síndrome de Müller-Weiss

Afinal, o que é que Nadal tem no pé esquerdo? O raro e complicado Síndrome de Müller-Weiss

Por Pedro Gonçalo Pinto - agosto 12, 2021
epa09399052 Rafael Nadal from Spain reacts as he plays against Lloyd Harris from South Africa during their third round men’s singles match of the Citi Open ATP tennis tournament at the Rock Creek Park Tennis Center in Washington, DC, USA, 05 August 2021. EPA/JIM LO SCALZO

Rafael Nadal anda de mãos (ou pés…) dadas com uma doença degenerativa desde 2005. Um problema que reapareceu em força nesta fase da temporada, com o espanhol a ver-se obrigado a desistir tanto do Masters 1000 de Toronto como de Cincinnati, enquanto o US Open, onde defende os pontos do título conquistado em 2019, está em sério risco. Os efeitos colaterais estão a fazer-se sentir no pé esquerdo, com dores que impedem Nadal de estar a 100 por cento. Mas, afinal, o que é que o número 4 d0 ranking tem mesmo? Nós explicamos.

A doença é rara e chama-se Síndrome de Müller-Weiss. Tudo começou em 2005, depois do Masters 1000 de Madrid. Nadal acordou, literalmente, coxo no dia seguinte a vencer o torneio, devido a um pequeno problema no escafóide do pé esquerdo: como era mais fino, partiu-se ao meio e, ainda nos dias de hoje, Rafa tem uma espécie de caroço no local. Nadal chegou mesmo a ser aconselhado a deixar a prática do desporto profissional, mas continuou na luta. Uma solução encontrada foi utilizar uma palmilha muito agressiva para desviar o ponto de apoio do pé esquerdo.

Ou seja, este Síndrome de Müller-Weiss é uma deformação do escafóide, que limita muito a mobilidade, como explica a especialista Pilar Nieto. “A doença de Müller-Weiss é degenerativa e é uma displasia do escafóide do tarso, uma deformidade de um dos ossos localizada no mediopé e que é essencial para a sua mobilidade. Além disso, pelos seus sintomas, pela forma como se apresenta, a osteoartrite que geralmente ocorre só é percetível através radiologia e costuma ser difícil de diagnosticar até que esteja avançado”, apontou.

Nesta altura, é uma incógnita a forma como Nadal vai recuperar ou não da doença que, por ser degenerativa, pode limitar cada vez mais a sua mobilidade e aumentar as dores no pé esquerdo, impedindo a prática desportiva ao mais alto nível. De resto, até mesmo as lesões que Rafa já teve nos joelhos são associadas ao Síndrome de Müller-Weiss, uma vez que o espanhol mudava alguns movimentos para proteger o pé esquerdo. Resta agora saber se, tal como em 2005, quando era bastante mais novo, Nadal tem força para voltar.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt