A mensagem de Serena Williams em defesa da igualdade de direitos - Bola Amarela Brasil

A mensagem de Serena Williams em defesa da igualdade de direitos

Por admin - novembro 6, 2015

Desde Nelson Mandela a Martin Luther King, a história está cheia de rostos e personalidades que lutaram até ao fim pela igualdade de direitos entre pessoas de diferentes géneros e raças. Considerada uma das melhores desportistas de sempre, Serena Williams tem também tido um papel determinante neste campo e faz o melhor uso do seu estatuto de figura pública a lutar por um mundo em que as pessoas de raça negra tenham o mesmo número de oportunidades que os demais.

Uma das suas mais recentes medidas foi ter aceitado o convite de Scott Dadich, diretor editorial da conceituada revista Wired (focada em tecnologia), e assumir o estatuto de editora convidada na edição do mês de novembro, o que levou a que muitos dos temas se focassem precisamente na questão da igualdade. A norte-americana esteve à conversa com a jornalista Sarah Fallon e deixou-lhe uma mensagem sobre o estado o tema que levanta cada vez mais preocupações. Leia aqui na íntegra:

“Em 2008, quando estava a competir no US Open, tinha uma série de “blocos de encontros”, onde escrevia notas para mim mesma que lia durante os encontros. Funcionou bastante bem. Mas muito antes eu já tinha descoberto uma forma ainda melhor para me inspirar: comecei a usar frases positivas como passwords para o meu computador e telemóvel. Devias tentar! Ficarias surpreendido pela quantidade de vezes tens de iniciar sessão e ter a oportunidade de aumentar essa positividade. Adoro conseguir usar a tecnologia para isso.

Aqui está uma das frases que eu usei em criança: “Eu vou trabalhar em África e ajudar as crianças e as pessoas”. E assim foi. Abrir uma escola no Quénia em 2008 e uma segunda em 2010. Por vezes, em África, apenas os rapazes são enviados para as escolas, por isso mantivemos uma regra restrita de que as nossas escolas teriam de ter pelo menos 40% de raparigas. Era impossível ter 50/50, e tivemos de lutar mesmo muito pelo 60/40. Mas conseguimos.

A igualdade é importante. Na NFL, existe a chamada regre Rooney que diz uqe as equipas têm de entrevistar candidatos mais novos para empregos “senior”. É uma regra que as empresas em Sillicon Valley está a adotar, e isso é ótimo. Mas precisamos de ver mais mulheres e pessoas de diferentes cores e nacionalidades em tecnologia. Era essa a razão pela qual eu quis fazer isto com a Wired – sou uma mulher de raça negra, e estou num desporto que não era destinado a pessoas negras.

E enquanto o ténis não tem muito a ver com o futuro, Sillicon Valley certamente tem. Quero jovens a olhar para os líderes que temos para se inspirarem, e espero que eles um dia também se tornem líderes. Juntos podemos mudar o futuro

Por isso, para todos envolvidos em movimentos de igualdade, como o Black Lives Matter, digo isto: continuem assim. Não deixem que o trolls vos derrotem. Já passámos por tanto nos últimos séculos que temos de passar por cima disto também. Para todos os outros eu digo: quando alguém está a insultar outra pessoa, cheguem-se à frente! A J. K. Rowling falou por mim este verão e foi uma sensação fantástica – eu pensei “bem, eu também posso falar”.

Serena Williams na capa da Wired de novembro 2015

Serena Williams na capa da Wired de novembro 2015

E quando não estamos a falar, podemos continuar a escrever. Adria Richards sugeriu soluções para os insultos online, incluindo o meu favorito, Send-a-Puppy, em que envias um cachorrinho digital em jeito de apoio a alguém que está a ser insultado. E nós devemos reconhecer os esforços para manter crianças interessadas em computadores, esforços como os de Kimberly Bryant, de Black Girls Code.

Nada como o Black Girls Code existia enquanto eu crescia (e agora sei o que é estar interessada numa área onde as outras crianças não são parecidas contigo). Por isso acho que estamos a fazer progressos. Mas podemos continuar a trabalhar para melhorar a igualdade – quer seja certificar-mo-nos de que há pessoas de raça negra a serem entrevistadas para empregos na área da tecnologia, levantar a voz contra o cyberbullying ou assegurar que a tecnologia é desenvolvida para todas as pessoas.

Eventualmente vamos melhorar o mundo. Para todos. E espero que na minha próxima escola seja 50/50″.