Eubanks e a ausência de uma referência negra: "Não tivemos o privilégio de contar com alguém como a Serena"

Eubanks e a ausência de uma referência negra: “Não tivemos o privilégio de contar com alguém como a Serena”

Por Nuno Chaves - agosto 28, 2023

Christopher Eubanks é um dos tenistas norte-americanos do momento de quem se espera muito no US Open, após o destaque em Wimbledon, onde alcançou as quartas de final.

Eubanks deu uma entrevista muito interessante ao The Guardian, onde abordou o seu início ao mais alto nível e da falta de referências de tenistas negros no circuito.

SER UM EXEMPLO PARA A COMUNIDADE NEGRA

Tive sorte com os meus mentores, eles me proporcionaram a capacidade de perceber que era possível, porque para uma criança é difícil realmente acreditar que pode se tornar algo se não vê ninguém parecido com ela fazendo isso. É complicado chegar para uma criança e dizer: ‘Você pode fazer isso’, mas quando você olha para a televisão, não vê ninguém que se pareça com você. No âmbito masculino, não tivemos o privilégio de contar com um homem negro como a Serena, que simplesmente dominou o esporte. Mas agora acredito que existe um grupo maior, as crianças negras podem ligar a televisão e assistir a um dos nossos encontros, e pensar: ‘Talvez eu queira fazer isso. Talvez não queira jogar basquetebol. Talvez eu queira jogar tênis’.

CHEGOU AO CIRCUITO COMO PARCEIRO DE TREINOS DE DONALD YOUNG

Essa foi a minha oportunidade de treinar verdadeiramente com um profissional de alto nível. Eles gostavam de como eu batia na bola. Poder praticar e presenciar esse nível elevado de tênis diariamente teve um efeito maravilhoso no meu jogo. Quando retornei aos torneios juvenis, a bola parecia muito mais lenta. Eu tinha muito mais tempo. Podia fazer exatamente o que queria, quando queria. Isso também me ajudou a desenvolver o estilo de jogo que tenho hoje, a ser mais agressivo e a assumir mais riscos.

EXPECTATIVAS NO US OPEN

Não me importo porque tenho confiança. O que fiz para demonstrar o meu progresso no último ano funciona para mim. Não me concentro na parte de vencer e perder, apenas foco na minha confiança. Fiz tudo isso? Dormi o suficiente? Comi a quantidade adequada? Realizei os treinamentos extras? Se fizer todas essas outras coisas e me sentir bem quando caminho na quadra, porque fiz o que deveria fazer, as expectativas das outras pessoas não me importam. Fiz o que devia fazer, simplesmente não saiu como queria. O tênis é assim, seguimos para a próxima semana.

Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.